Lendo a sinopse de “A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell” talvez você tenha a impressão de já ter assistido a este filme antes. Afinal, a trama é centrada na história de uma ciborgue, Major, que vive um dilema existencial sério: é uma humana habitando uma carcaça mecânica ou uma criatura programada, sem livre arbítrio? E, além disso, tem uma pegada cyberpunk e apresenta um cenário futurístico super informatizado, que parecem familiares.
Possivelmente, você se lembrou de longas como “Matrix” (1999) e “Inteligência Artificial” (2001). Seria então uma produção pouco original? Pelo contrário.
Durante 20 anos, obras como essas se inspiraram no mangá de Masamuna Shirow, “Ghost in the Shell”, no qual o diretor Rupert Sanders se baseou para criar o universo desta ficção. Logo, apesar de tardia, podemos dizer que essa adaptação cinematográfica reúne os elementos originais que tanto inovaram as ficções científicas da indústria cinematográfica.
Este live action chega a recriar página a página alguns momentos da obra de Shirow. Mas, usa do design de produção para se reinventar. Basta olhar para o cuidado que tiveram para dar vida à megalópole onde tudo se desenrola. Um lugar repleto de hologramas, que impressiona o espectador pela riqueza de detalhes. O fã do mangá ou do anime de 1995, então, sente-se diante de um verdadeiro espetáculo.
No entanto, a produção americana peca pelo excesso de didatismo em certos momentos. Como costumam fazer outros blockbusters, dá ênfase em alguns conceitos para ter a certeza de que o público está acompanhando. O bom é que o filme compensa em outras situações, deixando em aberto questões para que cada um chegue à sua própria conclusão.
Embora seu casting tenha sido um pouco polêmico, Scarlett Johansson foi uma boa escolha para interpretar Major. Com seu olhar vazio e expressão blasé, a atriz foi capaz de ilustrar toda a introspecção da protagonista. O maior problema do filme, porém, foi o vilão Kuze. Vivido por Michael Pitt, o antagonista não parece ser uma verdadeira ameaça a Major. Funciona quase como um acessório, algo para conduzir a história da ciborgue.
Em linhas gerais, o filme se arrisca em alguma medida, mas não tenta ser revolucionário. Vai com cautela e apresenta uma história interessante e envolvente. Mas, cá entre nós, somente pelos efeitos visuais e pelo design de produção já valeria o ingresso do cinema. Se você puder ir numa sala IMAX, não hesite.
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