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Vídeos de testes nucleares americanos se tornam públicos depois de mais de 50 anos

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As gravações destes testes nucleares podem ser a única maneira de continuar os estudos sobre bombas de fissão e fusão nuclear
Depois de mais de 50 anos, vídeos de testes nucleares americanos se tornam públicos
Um entre os muitos registros dos testes nucleares divulgados nessa semana

Entre as décadas de 1940 e 1960, os Estados Unidos conduziram centenas de testes nucleares. Embora essa informação não fosse mais segredo para ninguém há muito tempo, as gravações desses experimentos eram mantidas em cofres de alta segurança, dado o seu grau de confidencialidade.

Nessa semana, alguns vídeos começaram a se tornar públicos. E não foi porque o governo americano decidiu que era a hora das pessoas conhecerem seus experimentos.

Descobriu-se que as mais de 10 mil bobinas de filme estavam se decompondo nos cofres. Mais do que a perda do registro histórico, a destruição desse material prejudicaria as atuais pesquisas sobre bombas de fissão e fusão nuclear.

Afinal, nos últimos 55 anos, na superfície dos Estados Unidos, não foram conduzidos nenhum teste nuclear. E, desde 1991, nenhum ensaio nuclear é realizado no país.

“Você consegue sentir o odor de vinagre quando abre as latas, porque é um dos subprodutos do processo de decomposição desses filmes”, contou o físico Greg Spriggs.

“Sabemos que esses filmes estão à beira da decomposição no ponto de se tornaram inúteis”

Por isso, há cinco anos a Lawrence Livermore National Laboratory, da qual Spriggs faz parte, trabalha para tentar recuperar ao máximo esses registros. “Os dados que estamos coletando agora precisam ser preservados na forma digital porque não importa o quão bem tratarmos os filmes, não importa o quão bem você os preservar e armazenar, eles vão se decompor. Eles são feitos de material orgânico e, portanto, se decompõe. Então é isso. Conseguimos o projeto em tempo de salvar os dados“, explicou o físico ao site New Atlas.

Recuperando dados

Entretanto, a equipe de Spriggs não está simplesmente recuperando as filmagens. Além de fazer modificações no scanner digital para aguentar a densidade do filme, estão caçando os relatórios do testes para entender a localização da câmera, a velocidade e o foco do aparelho para análise.

E, o mais interessante desse processo, é a descoberta de que as informações publicadas sobre os primeiros testes estavam errados, às vezes em até 30%. Segundo o físico que lidera o projeto, a razão das imprecisões decorrem do método utilizado para fazer os cálculos. Naquela época, as análises eram feitas manualmente e com medidas tiradas a olho. Logo, eles poderiam ter quantos analistas fossem, não daria para serem completamente precisos.

Das mais de 10 mil bobinas, 6.500 já foram recuperadas. Destas, 4.200 foram escaneadas e entre 400 e 500 delas foram analisadas. E 63 já estão disponíveis no Youtube do LLNL para você assistir.

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