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Um novo estudo realizado por Silvia Fagá de Almeida, professora na Fundação Getúlio Vargas, detalha o tamanho da App Store no Brasil e seu impacto econômico. A pesquisa constatou que o ecossistema da App Store no país possibilitou R$ 63,8 bilhões em cobranças e vendas para desenvolvedores em 2024, impulsionando negócios prósperos e destacando o crescimento e o alcance global dos criadores de aplicativos locais. Veja os destaques.
Categorias mais lucrativas da App Store
O valor de R$ 63,8 bilhões se divide em três categorias principais: R$ 50,22 bilhões (79%) corresponderam a produtos e serviços físicos, R$ 7,46 bilhões (12%) vieram da receita gerada por publicidade e aplicativos, e R$ 6,1 bilhões (10%) totalizaram as vendas de bens e serviços digitais. Um destaque importante é que, para mais de 90% desse valor total, os desenvolvedores não pagaram nenhuma comissão à Apple.
A comunidade de desenvolvedores brasileiros tem demonstrado um sucesso notável, utilizando a App Store para expansão local e internacional. Em 2024, aplicativos de desenvolvedores brasileiros foram baixados mais de 570 milhões de vezes por usuários de todo o mundo. Refletindo essa expansão global, mais da metade (53%) dos ganhos dos desenvolvedores brasileiros na App Store em 2024 veio de usuários de fora do Brasil.
O crescimento no mercado doméstico também foi acelerado, com os ganhos de desenvolvedores na loja brasileira crescendo quase cinco vezes desde 2019. Somando os mercados, o faturamento total dos desenvolvedores brasileiros cresceu 32% entre 2019 e 2024. O sucesso não se limita a grandes estúdios, já que os ganhos totais de pequenos desenvolvedores na App Store aumentaram 55% entre 2021 e 2024.
O mercado brasileiro se mostra altamente engajado com o ecossistema; em 2024, a App Store do Brasil recebeu uma média de 25,5 milhões de visitantes por semana, e os usuários de iOS no país realizaram quase 1,5 bilhão de downloads de aplicativos.
No Brasil, desenvolvedores estão aproveitando a App Store para transformar suas paixões em negócios prósperos e criar apps incríveis que os usuários adoram. O trabalho deles capacita pessoas no mundo todo a serem mais criativas, divertirem-se, aumentarem a produtividade e muito mais. Mal podemos esperar para ver o que eles farão a seguir.
Tim Cook, CEO da Apple.
Como a Apple cobra os desenvolvedores?
No que tange à monetização, a política de comissão da Apple é aplicada de forma consistente. A taxa de comissão padrão é de 30% sobre as vendas de aplicativos pagos e sobre compras de bens e serviços digitais realizadas dentro dos aplicativos. Contudo, a maioria dos desenvolvedores brasileiros que pagam comissão se qualifica para uma taxa reduzida de 15%.
As condições para esta taxa reduzida incluem o App Store Small Business Program, para desenvolvedores com ganhos de até US$ 1 milhão no ano anterior; 78% dos desenvolvedores brasileiros que pagaram comissão em 2024 se beneficiaram desta taxa. As assinaturas também têm a taxa reduzida para 15% após o primeiro ano.
É crucial notar que a Apple não cobra comissão sobre a venda de produtos e serviços físicos, receita de anúncios dentro dos apps, ou bens digitais adquiridos fora do app e consumidos nele. Para publicar aplicativos, há uma taxa fixa de US$ 99 pelo Apple Developer Program.
Apple Developer Academy no Brasil

Além do suporte comercial, a Apple investe na formação de talentos através do Apple Developer Academy no Brasil. O programa, que existe no país há 12 anos, é realizado em parceria com 10 grandes universidades brasileiras. Das 18 academias ativas no mundo, 10 estão localizadas no Brasil. São elas:
- Centro Universitário Facens em Sorocaba–SP;
- Instituto de Pesquisas Eldorado em Campinas–SP;
- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) em Fortaleza–CE;
- Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) em Curitiba–PR;
- Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) no Rio de Janeiro–RJ;
- Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) em Porto Alegre–RS;
- Senai do Amazonas em Manaus–AM;
- Universidade Católica de Brasília (UCB) em Brasília–DF;
- Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em Recife–PE;
- Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo–SP.
Desde a sua criação, o programa já formou 5.000 estudantes, com um currículo que abrange programação, inteligência artificial, design e marketing. Os resultados são expressivos: ex-alunos já lançaram 1.650 aplicativos na App Store e fundaram mais de 100 startups. A empresa Kobe Apps, por exemplo, foi fundada por ex-participantes da academia de Porto Alegre.
A abordagem pedagógica da Apple Developer Academy é centrada na metodologia de Aprendizagem Baseada em Desafios (Challenge Based Learning), na qual os estudantes são imersos em um ambiente colaborativo para resolver problemas do mundo real.
O sucesso do programa é visível através dos projetos desenvolvidos por seus alunos, que vão muito além dos números gerais. Entre os aplicativos de destaque criados por ex-participantes estão o Super Pads, um aplicativo de DJ que já ultrapassou 120 milhões de downloads e cuja equipe conta com outros 11 graduados da academia.
A pressão pela abertura das lojas de apps
A Apple manteve a política de não permitir a instalação de aplicativos de fontes externas (sideloading) como uma vantagem de segurança. A empresa não permite sideloading no Brasil, justificando a medida como uma forma de proteger os usuários contra fraudes, malwares e violações de privacidade.
Porém, vale lembrar que os que moram em um dos 27 países da União Europeia (UE) conseguem fazer o processo. Essa foi uma medida implementada pela Apple para cumprir a Lei dos Mercados Digitais (Digital Markets Act – DMA), uma nova regulamentação europeia. A partir do iOS 17.4, usuários na UE podem baixar aplicativos de marketplaces alternativos, e não apenas da App Store oficial.
O relatório aponta que 98% dos malwares para aparelhos móveis têm como alvo sistemas operacionais diferentes do iOS. A empresa ainda ressalta dois casos que reforçam o perigo de instalar aplicativos por fora da App Store: o caso do spyware Web Detetive, distribuído via sideloading a partir de seu site, e um aplicativo malicioso que imitava o banco Itaú, baixado a partir de uma loja de aplicativos falsa.
A segurança da App Store é fundamentada em um rigoroso processo de verificação conhecido como Análise de Apps (App Review), no qual a Apple analisa cada aplicativo e atualização antes de liberá-los para download.
Para proteger os usuários, a Apple investe em segurança, tendo bloqueado R$ 167 milhões em transações potencialmente fraudulentas no Brasil em 2024. No mesmo período, a empresa impediu o uso de quase 200 mil cartões de crédito roubados e removeu mais de 5 milhões de avaliações suspeitas de fraude.
O objetivo desse processo é garantir que todos os apps atendam a altos padrões de privacidade, segurança e conteúdo, protegendo os usuários contra fraudes e cibercriminosos. Para serem aprovados, os aplicativos devem seguir as estritas Diretrizes de Revisão de Apps, que visam eliminar riscos à privacidade dos usuários e garantir a qualidade do conteúdo. Como resultado, os downloads realizados na App Store são livres de malware, o que a torna um ambiente seguro e confiável para os usuários descobrirem e baixarem aplicativos.
Você imaginava que o tamanho da App Store no Brasil era tão impactante? Diga pra gente nos comentários!
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Com algumas informações: Apple Newsroom
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