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“A Bela e a Fera”: Conheça os desafios da cena da dança no filme original

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Se hoje ainda é complicado criar cenas inteiras em CG nos anos 1990 era um desafio à parte. Veja detalhes dos bastidores de “A Bela e a Fera”
"a bela e a fera": conheça os desafios da cena da dança no filme original
A famosa cena da dança de “A Bela e a Fera” no live action de 2017

Nesta quinta-feira (16), estreou o live action de “A Bela e a Fera”, estrelado por Emma Watson e Dan Stevens. Olhando a sequência da dança hoje, temos a impressão de que foi uma cena bastante difícil de construir. Mesmo com o avanço das tecnologias de computação, recriar todos os detalhes com verossimilhança é algo impressionante.

No entanto, há pouco mais de 25 anos, imaginar a cena original foi realmente desafiador.

Nos anos 1990, as técnicas digitais eram muito pouco usadas para criar longa-metragens animados. A Disney começava a usar o CAPS (Computer Animation Production System) e a Pixar fazia experimentações em curtas, mas o processo era ainda muito arcaico. Foi da necessidade de criar a dança no salão do baile que se passou a entender de verdade as possibilidades da computação gráfica.

Em entrevista para o Cartoon Brew, o supervisor da animação de 1991, Jim Hillin, contou um pouco dos bastidores para desenvolver essa cena.

Os desafios

Segundo Hillin, na época, ninguém sabia ao certo o que eram capazes de fazer com a ajuda da computação gráfica. Quando entrou no projeto, faltavam 9 meses para o lançamento do filme e ele teria pela frente um cronograma bastante apertado.

“Disseram ‘Bem, temos uma sequência grande no salão do baile. Queremos esse ambiente em CG.’ E eu disse ‘tudo bem, é basicamente só um cômodo’. Ao que eles responderam: ‘sim e vamos ficar mexendo câmera ao redor do interior dele'”, afirmou.

Você pode ver abaixo os testes a lápis dessa combinação de desenho à mão e computação gráfica:

[vimeo 78018499 w=640 h=360]

Até aquele momento, a Disney nunca tinha feito um cenário que se movia, o que por si só já era um desafio. Mas a tecnologia disponível na época, segundo o supervisor de CG, era capaz de fazer poucas coisas. Então, imagine só o nível de dificuldade.

“Tínhamos cinco pessoas fazendo a computação gráfica na época e realmente, há 25 anos, os computadores que usávamos tinham provavelmente um décimo da capacidade do que seu celular pode fazer hoje”.

“Outra coisa era o software.”, contou ele. “A Disney estava o usando apenas para imprimir wireframes e não renderizavam nada. Eles nunca tinham renderizado em 3D. Então tivemos que montar outro pipeline do software para fazer a cena”.

A estética

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O icônico salão de baile de “A Bela e a Fera”

“Então eu tinha que pensar, como construiríamos essa cena parecendo algo que a Disney faria? Eu fui para o chefe do Departamento de Cenário e disse ‘se você fosse pintar um salão de baile, como seria?”. Demorou duas semanas para que ele pintasse um quadro ilustrando o salão por dentro”, relatou Jim Hillin. Mas para que um quadro?

“Agora tínhamos algo para copiar. Então, se conseguíssemos fazer nosso salão em CG parecer o deles em pintura, a próxima coisa seria mover a câmera e daria tudo certo.

O Processo de animação

O processo de criação foi uma verdadeira tarefa em equipe e não envolveu apenas o pessoal de computação gráfica. A equipe de Jim teve que trabalhar junto com James Baxter e os demais animadores, fazendo tudo quase que simultaneamente. “Dávamos as marcações e outros detalhes para que eles pudessem fisicamente alinhar o trabalho deles e começar a animar”.

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Salão onde os protagonistas dançam no início do processo de CG

“Em determinado ponto”, comentou ele, “eu conversava com Glen Keane [supervisor de animação da Fera] e disse ‘isso é o que estou pensando em fazer’ e mostrei um exemplo de um frame do cenário em que estariam dançando. E mostrei uma sobreposição do chão e uma sobreposição da grade que se encaixava no chão, de 3 pés por 3 pés. A ideia era que o padrão representasse cada 3 pés do chão, dando uma noção de como animar. Quanto moveria os pés deles se estivessem animado a valsa, por exemplo. Quando ele viu, ele disse ‘Isso é perfeito, não preciso de mais nada'”.

A recepção

Jim Gillin confessa que não esperava muito alarde pelo trabalho que fez em “A Bela e a Fera”.

“Lembro que o produtor Dan Hahn escreveu para mim uma nota dizendo que essa era a sequência do filme e que tinha ficado incrível. E eu pensei, bem, ele só está sendo simpático. Não prestei muita atenção a ela até a sequência estar na imprensa toda. E eu fiquei ‘uau, isso é legal’. Claro, hoje em dia, se eu menciono para alguém que estava no comando do CG da cena do salão de baile de “A Bela e a Fera”, as pessoas olham para mim e dizem “você está brincando!”. Até hoje ela atrai um pouco de atenção”, concluiu.

E você, o que acha da sequência da dança? Prefere a original ou a do live action? Deixe sua opinião nos comentários!

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