Big techs removem conteúdo do talibã após tomada do afeganistão

YouTube e Facebook removem conteúdo do Talibã após tomada do Afeganistão

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Para impedir o compartilhamento de informações do grupo extremista, redes sociais banem o acesso de contas com base na obrigatoriedade da lei norte-americana

Após a tomada do Afeganistão, grandes empresas de tecnologia têm se preocupado sobre os tipos de conteúdos que poderiam circular em suas plataformas a respeito do grupo extremista. Como resultados, elas estão reivindicando o conteúdo do Talibã em posição contrária às atitudes do movimento, com base nas políticas de cada companhia. Algumas já estão bloqueando o acesso, outras ainda estão por tomar uma ação. ()

Sob o teto da lei norte-americana, as big techs seguem o posicionamento dos Estados Unidos contra a organização do grupo dentro das redes sociais. Para impedir que continuem propagando notícias extremistas, as companhias estão procurando maneiras de orquestrar a situação da maneira mais sábia possível, segundo suas convicções.

Situação do Talibã

Big techs removem conteúdo do talibã após tomada do afeganistão
Talibã é conhecido por atitudes violentas e odiosas fundamentadas no extremismo religioso. (Imagem: Saeed Ali Achakzai/Reuters/Reprodução)

O Talibã é um movimento fundamentalista e nacionalista islâmico cujas ações são motivadas por questões religiosas extremistas. No Afeganistão, o grupo já assumiu o governo três vezes. É associado frequentemente à violência e à opressão de direitos civis, principalmente para as mulheres, que são submetidas a regras rígidas de comportamento social. Esta é a organização radical responsável pelo atentado à ativista Malala Yousafzai em 2012.

No último (15), o Talibã invadiu o palácio presidencial em Cabul, capital do Afeganistão, e assumiu o controle do poder. O presidente Ashraf Ghani fugiu para que não houvesse derramamento de sangue. No aeroporto de Cabul, único local de saída no país, integrantes do grupo atiraram para o alto a fim de estabelecer ordem no local. Com medo, os afegãos entraram em pânico e foram vistos subindo em aeronaves para tentar escapar da tirania. Vídeos que circularam nas redes sociais mostram imagens terríveis do momento, que resultou em mortes após a decolagem de aviões.

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Joe Biden assumiu responsabilidade e se posiciona contra atitude do grupo extremista. Ex-presidente Donald Trumpo critica atual executivo. (Imagem: Win McNamee/Getty Images/Reprodução)

Em meio ao caos da guerra, o Afeganistão agora está sob o controle de um grupo que acredita na soberania étnica e religiosa. A população vive um momento incerto e de extrema opressão. Enquanto isso, os Estados Unidos são diretamente questionados sobre um possível contra-ataque. O presidente Joe Biden assumiu responsabilidade pelo retorno do Talibã em coletiva à imprensa e defende retirada. Tempos atrás, o executivo-chefe dos EUA tinha pretensões de evacuar o exército local no Afeganistão ainda em agosto. O ex-presidente Donald Trump culpa Joe Biden pelo ataque.

Posição das empresas sobre o Talibã

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Embora recomendado, conteúdo do Talibã no WhatsApp não pode deletado por conta da política de mensagens criptografadas da empresa.

As principais redes sociais estão prevendo ações para impedir a propagação de conteúdos de cunho ofensivo pelo Talibã. Assuntos e contas relacionadas ao movimento estão tendo o acesso bloqueado. Segundo o Financial Times, o WhatsApp fechou uma linha de ajuda do grupo, que utilizava a rede para dizer à população em Cabul que eles eram os responsáveis pela segurança do país. Isso também cumpre a lei norte-americana, segundo uma porta-voz da empresa para o Business Insider.

Entretanto, o WhatsApp diz ainda que não pode apagar mensagens criptogradas do Talibã. Sendo um assunto que constantemente vem à tona, a política de privacidade da rede social não permite que mensagens de texto e voz de qualquer usuário sejam divulgadas e acessadas em banco de dados. Dessa forma, o Talibã ainda conseguirá utilizar o canal para compartilhar informações, embora o WhatsApp esteja trabalhando para impedir atitude para além dos envios escritos.

“Somos obrigados a cumprir as leis de sanções dos EUA. Isso inclui o banimento de contas que parecem representar a si mesmas como contas oficiais do Talibã”

Porta-voz do WhatsApp não identificada para o Business Insider.

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Criticado constantemente pela falta de combate ao discurso de ódio e fake news, Facebook monta equipe especializada para impedir propagação de informações em apoio ao Talibã.

Já o Facebook anunciou na última terça-feira (17) que baniu o Talibã em todas as suas plataformas, incluindo o Instagram. Em uma rede influenciável que acumula muitos locais de propagação de notícia, a empresa seguiu uma de suas políticas de atuação. A atitude se enquadra contra as “Organizações Terroristas Perigosas” do governo norte-americano, que prevê que qualquer informação de grupo, instituição ou movimento considerados ameaça à nação, seja impedido de propagar informações nas plataformas online. Portanto, está proibido também elogios e apoios ao grupo, ações passíveis de banimento de conta.

Em um dos pontos aos quais a companhia é mais criticada, o Facebook implementou ainda uma equipe de especialistas para averiguar problemas na rede a respeito do grupo e evitar o discurso de ódio. Zabihullah Mujahid, porta-voz do Talibã, criticou a atitude do Facebook e disse que a empresa está reprimindo a liberdade de expressão no Afeganistão com o banimento de contas.

“Estamos contando com essa política para derrubar proativamente qualquer coisa que pudermos que possa ser perigosa ou que esteja relacionada ao Talibã em geral”

Adam Mosseri, chefe do Instagram, em entrevista à Bloomberg.

A princípio, o YouTube não havia confirmado o banimento do Talibã em sua plataforma. Mas, na última segunda-feira (16), disse à Reuters que seguirá a lei dos Estados Unidos, cuja norma obriga tal atitude. Sendo assim, qualquer conta associada ao grupo será descontinuada.

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Reiterando sua política contra o discurso de ódio, Twitter ainda não anunciou atitudes preventivas ao conteúdo do Talibã na rede social.

Na contramão das outras companhias, o Twitter não se mostrou firme ao banimento de contas. A Reuters afirmou em uma matéria que a rede social era usada por porta-vozes do Talibã para compartilhar atualizações do grupo para milhares de seguidores. Entretanto, ao questionar o Twitter de tais atitudes e o que seria feito para combatê-las, a empresa se recusou a responder, apenas reiterando sua política interna de prevenção à conduta violenta e odiosa.

Questionados pela Business Insider, a empresa disse que a situação no Afeganistão está progredindo e as equipes estão observando o uso da rede social para pedir ajuda. “A principal prioridade do Twitter é manter as pessoas seguras, e permaneceremos vigilantes. Continuaremos a aplicar proativamente nossas regras e revisar o conteúdo que possa violar as regras do Twitter, especificamente as políticas contra a glorificação da violência, manipulação de plataforma e spam”, disse o Twitter para o portal Insider.

Enquanto a situação caótica no Afeganistão é instaurada, as corporações dos Estados Unidos tentam combater o discurso tirano e ofensivo no ambiente virtual. Isso acontece antes do país muito provavelmente tomar uma atitude conflituosa com seu exército no local agora dominado pelo Talibã.

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Fontes: Business Insider (1) | Business Insider (2) | Business Insider (3) | Interesting Engineering

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