Devin

Conheça Devin, a primeira IA desenvolvedora de software

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Lançada pela startup Cognition AI, Devin é um modelo de IA engenheiro de software que promete substituir desenvolvedores humanos.

A Cognition AI, uma startup recentemente apoiada pelo bilionário norte-americano Peter Thiel (co-fundador do PayPal), anunciou esta semana o lançamento da “primeira IA engenheira de software do mundo”. Batizada de Devin, essa inovação promete não só oferecer sugestões, mas também desenvolver e executar autonomamente produtos digitais completos, fazendo testes, revisão de bugs e todas as etapas de um projeto. De acordo com a startup, Devin é capaz de resolver 13,86% das tarefas do SWE-bench sem assistência humana, um teste de eficiência onde o maior resultado alcançado por uma IA (Claude 2) era de 4,80% até então.

A Devin representa um salto significativo no campo da inteligência artificial, mostrando não apenas a capacidade de sugerir, mas de criar autonomamente produtos digitais complexos. Seu desenvolvimento e execução autônomos de websites, aplicativos e games redefine a maneira como se referencia o desenvolvimento de softwares. No entanto, o impacto dessa inovação vai além do avanço tecnológico, representando também um desafio para profissionais da área que precisarão se requalificar diante da ameaça de automação de tarefas antes exclusivamente humanas.

Como Devin funciona


A Devin é um modelo de IA engenheiro de software que funciona como um companheiro de equipe incansável, já que trabalha sem limites de horário, pronto para construir software ao seu lado ou concluir tarefas de forma independente para posterior revisão. Sua capacidade de planejar e executar tarefas complexas de programação, envolvendo milhares de decisões, é impressionante, podendo relembrar o contexto relevante a cada passo, aprender com o tempo e corrigir erros de desenvolvimento.

A Devin foi equipada com ferramentas comuns de desenvolvedor, como shell, editor de código e navegador, tudo dentro de um ambiente de computação em área restrita. Uma das características mais interessantes da Devin é sua capacidade de colaboração ativa com o usuário. Ela relata seu progresso em tempo real, aceita feedback e trabalha em conjunto com o usuário nas escolhas de design, conforme necessário.

A Devin funciona de forma simples e intuitiva. O usuário humano inicia interagindo com a interface estilo chatbot da IA, digitando um prompt em linguagem natural. A partir desse prompt, a Devin começa a trabalhar, desenvolvendo um plano detalhado e passo a passo para resolver o problema em questão. Caso algo não pareça certo durante o processo, o usuário pode entrar na interface de bate-papo e dar um comando à IA para corrigir. Essa capacidade de interação direta e correção instantânea permite que as equipes de engenharia deleguem projetos à Devin e se concentrem em tarefas mais criativas que exigem inteligência humana.

Apesar de outras ferramentas de IA para desenvolvedores — como o GitHub Copilot da Microsoft — oferecerem recursos de assistência para programadores, como completar automaticamente pedaços de código e traduzir códigos entre várias linguagens de codificação, elas não podem completar códigos de ponta a ponta sem interferência ou assistência humana — que é o grande diferencial da Devin.

Como usar a Devin

A Devin AI está atualmente disponível com acesso antecipado restrito para interessados em utilizar o agente de IA para trabalhos de engenharia. Os clientes podem solicitar acesso antecipado à IA por meio do site da empresa, já que até o momento, a Devin permanece não pública, com a empresa concedendo acesso apenas a alguns clientes selecionados.

A Cognition AI tem divulgado diversos vídeos mostrando desenvolvedores utilizando a IA para desenvolver novos produtos de forma impressionante. Esses vídeos destacam a capacidade da IA em ação, mostrando como ela pode agilizar e otimizar o processo de desenvolvimento de software. A capacidade da Devin é posta em prova para criar e implantar aplicativos de ponta a ponta, como no caso em que fez um site interativo que simula o Jogo da Vida, adicionando gradativamente recursos solicitados pelo usuário e, em seguida, implantando o aplicativo no Netlify.

Outra função essencial da Devin é encontrar e corrigir bugs em bases de código de forma autônoma. Por exemplo, nesse vídeo a seguir ela ajudou Andrew a manter e depurar seu livro de programação competitiva de código aberto. A Devin também é capaz de treinar e ajustar seus próprios modelos de IA, como configurar o ajuste fino para um modelo de linguagem grande com apenas um link para um repositório de pesquisa no GitHub.

Além disso, a Devin pode solucionar bugs e solicitações de recursos em repositórios de código aberto, contribuir para repositórios de produção maduros e até mesmo realizar tarefas reais, como escrever e depurar código para executar um modelo de visão computacional. Essas habilidades da Devin representam um avanço significativo no campo da inteligência artificial aplicada à engenharia e ao desenvolvimento de software.


No vídeo acima, também divulgado pela Cognition AI, a Devin foi capaz de resolver um bug com cálculos de logaritmo no sistema de álgebra Python sympy de forma impressionante. A IA configurou o ambiente de código, reproduziu o bug, codificou e testou a correção de maneira autônoma. Esse exemplo demonstra a capacidade da Devin de identificar e solucionar problemas complexos de código, mostrando sua habilidade em lidar com desafios de programação de forma eficiente e precisa.

É o fim dos programadores?

Devin
Ainda que não tenha se demonstrado efetivamente mais eficaz do que desenvolvedores humanos, Devin promete impactar profisisonais da área. Foto: Reprodução / Internet.


A Devin, anunciada como a primeira IA engenheira de software do mundo, está no centro de um intenso debate sobre o futuro dos programadores humanos. Seu lançamento causou um grande alvoroço na web, com muitos questionando se essa tecnologia poderia eventualmente substituir os profissionais de programação. No entanto, mesmo com a capacidade impressionante da Devin de resolver 13,86% das tarefas do SWE-bench sem assistência humana, especialistas concordam que ela ainda não pode substituir completamente um programador humano.

O fato de a IA ser capaz de realizar tarefas complexas de engenharia de software levanta questões sobre o papel dos programadores no futuro. Embora a Devin possa ser eficaz em muitas áreas, como escrever código, corrigir bugs e até mesmo aprender a usar novas tecnologias, há certas habilidades humanas, como criatividade, intuição e pensamento crítico, que são difíceis de replicar em uma IA. Essas habilidades são essenciais para resolver problemas complexos e criar soluções inovadoras, algo que os programadores humanos trazem para o campo.

Além disso, a IA como a Devin oferece vantagens significativas em termos de eficiência e disponibilidade. Enquanto um programador humano está limitado a um horário de trabalho e a capacidade de focar em uma tarefa por vez, a IA pode trabalhar 24 horas por dia, 7 dias por semana, e lidar com múltiplas tarefas simultaneamente. Isso pode resultar em uma maior produtividade e rapidez no desenvolvimento de software.

Devin é a demonstração mais impressionante que vi na última década. Vale alguns minutos do seu dia para assistir e ter um vislumbre do futuro, é surreal e profundamente emocionante.

Eric Glyman, co-fundador da startup Ramp.

No entanto, apesar dessas vantagens, é improvável que a IA substitua completamente os programadores humanos. Em vez disso, é mais provável que ela seja usada como uma ferramenta complementar, ajudando os programadores a serem mais eficientes e a lidar com tarefas repetitivas e de baixo nível, enquanto os humanos se concentram em tarefas mais complexas e criativas. Portanto, em vez de significar o fim dos programadores humanos, a Devin e outras IA similares representam, ao menos por enquanto, uma evolução na maneira como o trabalho de programação é realizado, com humanos e IA trabalhando juntos para criar soluções inovadoras e eficazes.

Veja também:

Fontes: Cognition AI, Business Standard e VentureBeat

Revisado por Glauco Vital em 15/3/24.

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