Implante cerebral permite enviar mensagens apenas com o pensamento

Implante cerebral permite enviar mensagens apenas com o pensamento

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A partir de um implante cerebral, uma pesquisa publicada na revista científica Nature começa a estudar a possiblidade de enviar mensagens apenas com o pensamento

Já pensou em enviar mensagens apenas com o pensamento? Pela primeira vez, neurocientistas conseguiram transformar os sinais cognitivos da escrita a mão para texto, em tempo real. A nova tecnologia, que teve sua pesquisa recém publicada na revista Nature, mostra tempos de respostas duas vezes mais rápidos que que métodos anteriores, permitindo que um homem sem movimento dos braços possa digitar em uma taxa de 90 caracteres por minuto.

A pesquisa para enviar mensagens apenas com o pensamento

Enviar mensagens apenas com o pensamento
Parte do implante usado no estudo.

Na pesquisa publicada na revista científica Nature, Jaime Henderson, co-autor do estudo e co-diretor do Laboratório de Próteses Neurais da Universidade de Stanford, diz que com essa tecnologia pessoas com dificuldades motoras ou de fala irão poder se comunicar por texto ou e-mail, a partir da tradução dos impulsos cognitivos relacionados a escrita a mão para texto.

O estudo conseguiu que, com a tradução dos impulsos, um homem paralisado pudesse escrever 16 palavras por minuto. O sistema usa implantes cerebrais e um algoritmo de aprendizado de máquina para decodificar os sinais cognitivos associados a escrita de mão. O projeto foi desenvolvido por um time liderado por Frank Willet, um pesquisador na Universidade de Stanford, e supervisionado pelo neurocientista Krishna Shenoy, do Instituto Médico Howard Hughes, e por Jaime Henderson, já citado acima.

Krishna Shenoy, em 2017, junto com colegas, desenvolveu um sistemas que convertia pensamentos em texto que já era uma melhora significativa se comparada com sistemas anteriores. Macacos que foram testados usando esse sistema conseguiam digitar cerca de 12 palavras por minuto. Esse sistema foi a base para o projeto atual, revelado recentemente, que permite que pessoas paralisadas se comuniquem por texto. Nunca antes cientistas tentaram converter os impulsos da escrita de mão em texto, e o teste provou que, pelo menos por hora, é um sistema mais eficiente que o de converter pensamentos para textos.

O voluntário para os testes do projeto de enviar mensagens apenas com o pensamento foi um homem de 65 anos que há 10 anos teve uma lesão na medula espinhal, que não permitia que ele tenha controle motor dos braços. Durante o estudo, pediram para ele visualizar como se estivesse escrevendo algo com uma caneta, e a partir dos implantes, os sinais cognitivos foram convertidos em texto. A taxa de 16 palavras por minuto atingida, segundo Henderson, equivale a 3/4 da velocidade média de digitação em smartphones de pessoas com mais de 65 anos.

Confira o vídeo do texto sendo feito conforme os pensamentos eram interpretados:

Pontos negativos

Os resultados do projeto enviar mensagens apenas com o pensamento, embora sejam bons, ainda não são o suficiente para a real implantação do sistema como um tratamento, já que as limitações do projeto ainda são enormes. Para poder usar o implante, uma cirurgia cerebral altamente invasiva é necessária. Outro ponto é que não há como configurar ele de uma forma generalizada – ele precisa aprender cada um dos padrões cognitivos da pessoa que recebeu o implante para funcionar.

O fato do implante ser extremamente invasivo é a principal diferença, por hora, do estudo com o Neuralink, de Elon Musk, que faz uso de implantes sem-fio e de fácil implantação em seus testes com macacos, chegando ao ponto de fazer os primatas jogarem com o poder da mente videogames.

Por último, o processo é bem intenso no lado computacional, precisando de uma CPU de alta-performance para funcionar de forma ampla. Porém, o próprio estudo o descreve como uma versão que nem protótipo é ainda, e Henderson imagina no futuro uma versão completa, sem-fio, sempre disponível e com autocalibração. Mas pelo menos agora, o estudo quer focar primeiro em entender como a fala é gerada pelo cérebro e como nossa cabeça coordena os movimentos mais habilidosos.

Veja abaixo o vídeo divulgado pela equipe de cientistas:

Fonte: Interesting Engineering

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