Maconha pode danificar mais os pulmões do que o cigarro, indica estudo

Maconha pode danificar mais os pulmões do que o cigarro, indica estudo

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Maneira como a maconha é utilizada pode ser um dos motivos, segundo pesquisadores

Um novo estudo publicado esta semana na revista Radiology, da Sociedade Radiológica da América do Norte, afirmou que pessoas que fumam maconha têm uma taxa de enfisema pulmonar e inflamação das vias aéreas maior do que aquelas que consomem apenas tabaco. O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade e Hospital de Ottawa, no Canadá. O resultado da pesquisa surpreendeu até mesmo àqueles envolvidos no trabalho.

Durante os vários anos de pesquisa, os pesquisadores examinaram radiografias de tórax de 56 fumantes de maconha, 57 não fumantes e 33 fumantes apenas de tabaco entre 2005 e 2020. Eles encontraram taxas mais altas de inflamação das vias aéreas e enfisema, uma doença pulmonar crônica, entre fumantes regulares de maconha em comparação com fumantes regulares e não fumantes.

Maconha pode danificar mais os pulmões do que o cigarro, indica estudo
Pesquisa analisou situação de pacientes fumantes e não fumantes entre 2005 e 2020 (Reprodução/Internet)

Segundo o Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento, “enfisema é definido como a destruição generalizada e irreversível das paredes alveolares (as células que suportam os sacos de ar, ou alvéolos, que compõem os pulmões) e alargamento de muitos dos alvéolos”. Pacientes com esses quadros costumam ter como principal sintoma a dificuldade para respirar.

“A American Lung Association diz que a única coisa que deve entrar em seus pulmões é o ar limpo, então se você inalar qualquer coisa, pode ser potencialmente tóxico para seus pulmões”

Giselle Revah – radiologista do Hospital de Ottawa

“O consumo de maconha está aumentando e há uma percepção pública de que a maconha é segura ou mais segura do que os cigarros (de tabaco)”, disse à AFP Giselle Revah, radiologista do Hospital de Ottawa, onde a pesquisa foi realizada. “Mas este estudo levanta preocupações de que isso pode não ser verdade”.

Fumaça de maconha
Ato de “prender” a fumaça da maconha no pulmão pode ser uma das explicações para os danos causados (Reprodução/Internet)

Ainda segundo a pesquisadora, a explicação para isso pode estar relacionado às diferenças em como as drogas são consumidas. “A maconha é fumada sem filtro, ao contrário do tabaco que é geralmente filtrado. Quando você fuma maconha não filtrada, mais partículas atingem suas vias respiratórias, sendo depositadas lá e irritando essas vias”. Outro detalhe levantado por Revah é o fato de que, ao fumar maconha, a fumaça é, propositalmente, retida por mais tempo no pulmão, com as longas tragadas, o que pode ocasionar mais danos ao órgão.

Além dos problemas envolvendo os pulmões, o estudo mostrou que a ginecomastia, condição em que o tecido mamário masculino é aumentado devido a um desequilíbrio hormonal, foi mais frequente entre usuários de maconha. Os pesquisadores mostraram que 38% dos usuários de cannabis tinham ginecomastia, em comparação com 11% dos fumantes apenas de tabaco e 16% dos não fumantes.

Outra preocupação levantada pela pesquisadora se dá pelo fato de que danos nas vias aéreas causados pelo fumo podem se tornar irreversíveis. “A inflamação das vias aéreas no início é reversível”, disse ela. “Quando vejo muco e espessamento das vias aéreas, se você parar a exposição, isso deve melhorar. Mas às vezes isso pode levar à dilatação das vias aéreas e, quando dilatadas, são irreversíveis”, finaliza a especialista.

O pequeno número de pacientes estudados é uma das limitações do trabalho, mas a autora principal reforça que novas pesquisas são necessárias no futuro para estabelecer a relação entre a forma como as pessoas fumam cigarro ou maconha e eventuais danos pulmonares.

Batimentos cardíacos irregulares

Maconha causa batimentos cardíacos irregulares
Pesquisa indica que o uso recreativo de drogas, como maconha, metanfetamina, cocaína e opioides, aumenta o risco de batimentos cardíacos irregulares (Reprodução/Internet)

O novo estudo divulgado agora chega semanas após uma outra pesquisa indicar que o uso recreativo de drogas, como maconha, metanfetamina, cocaína e opioides, aumenta o risco de batimentos cardíacos irregulares. Publicado pela revista científica European Heart Journal, esse é o primeiro estudo a identificar a associação entre a cannabis e o risco da condição.

Para compreender um pouco melhor como as drogas recreativas podem afetar a probabilidade de fibrilação atrial (também conhecida como arritmia cardíaca), os estudiosos analisaram mais de 20 milhões de pacientes residentes da Califórnia que precisaram de intervenção médica entre 2005 a 2015. Deste total, 132 mil pessoas relataram usar cannabis, enquanto uma proporção menor havia usado outras drogas: metanfetamina (98 mil pessoas), cocaína (49 mil) e opioides (10 mil).

Durante todos esses anos, quase um milhão de pessoas desenvolveram fibrilação atrial. Quando os pesquisadores analisaram o papel do uso de drogas no risco da condição, eles descobriram que a metanfetamina representou o maior risco, com 86% de aumento na probabilidade do problema cardíaco. Em seguida está o uso de opiáceos, com aumento de 74% no risco e a cocaína, com 61%. Por último, mas não menos perigosa, está a maconha, aumentando em até 35% as chances de uma arritmia cardíaca.

Folha da maconha
Arritmias cardíacas provocadas pela maconha pode provocar casos graves, como os de acidente vascular cerebral (Reprodução/Internet)

“Apesar de apresentar uma associação mais fraca com a fibrilação atrial incidente do que as outras substâncias, o uso de cannabis ainda exibiu uma associação de magnitude semelhante ou maior a fatores de risco como dislipidemia, diabetes mellitus e doença renal crônica. Além disso, aqueles com uso de cannabis exibiram risco relativo semelhante ao daqueles com uso tradicional de tabaco”, escrevem os autores.

A fibrilação atrial pode ser precursora de condições cardiovasculares mais graves. Por exemplo, o batimento irregular pode contribuir para a formação de coágulos nos átrios. Esses coágulos podem se romper e causar um acidente vascular cerebral (AVC) mortal. Os AVCs relacionados à fibrilação atrial causam mais de 150 mil mortes por ano e afetam cerca de 12,1 milhões de pessoas somente nos Estados Unidos.

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Fontes: R7, Galileu.

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