O Social Science Research Council, após 3 anos de pesquisas, apresentou seu relatório sobre a pirataria de software e mídias em países emergentes (Brasil, Rússia, Índia, México, dentre outros). O relatório apresenta as causas e tendências do consumo ilegal de propriedade intelectual, cujas conclusões vão contra as atuais políticas das grandes empresas.
Uma das principais conclusões deste relatório é que o endurecimento das políticas contra a pirataria não tem surtido o efeito pretendido. Segundo o texto, o problema se localiza na “Política Global de preços” praticada pelas empresas com o intuito de manter uma paridade do preços praticados nos países desenvolvidos com os preços nos países emergentes, sem considerar o poder aquisitivo da população do país.
O resultado nos já conhecemos: preços inchados e inflacionados nos países em desenvolvimento, quem acabam incentivando muitos consumidores a recorrer ao consumo ilegal.
A solução seria uma política de preços regional, como já vem sendo feita por algumas empresas. No exemplo, temos a produtora de jogos eletrônicos Blizzard Entertainment, que lançou a alguns meses atrás no Brasil o jogo Starcraft 2 com um preço mais compatível com o mercado nacional: R$ 30.
Outras iniciativas vem sendo desenvolvidas por empresas que distribuem o conteúdos de mídia e software, como a Apple, que faz uso de seu programa iTunes/AppStore para fornecer músicas e aplicativos de forma legal e mais barata. A prática acaba incentivando que usuários comprem estes produtos ao invés de pirateá-los.
E, ao que tudo indica, o mercado mobile de softwares começa a puxar para baixo o preço dos tradicionais programas para PCs e Macs. Trata-se de uma mudança de paradigma, fundamentada em uma política de preços mais adaptada aos mercados em que as empresas atuam.
Afinal, donos brasileiros de iPhones e Androids que compram seus aplicativos por uma média de R$ 3,00, por exemplo, são muito menos propensos a pirateá-los do que se eles custassem R$ 200,00 ou R$ 300,00 reais, como é costume com os programas de computador.
O preço de um app é menor que o cafezinho que toma-se todo dia. Ainda assim, não deixa de ser justo e compensar corretamente o desenvolvedor.
Noutras palavras: para o usuário, passa a ser prazeroso comprar conteúdo legal.
Fonte: Ars Technica e Social Science Research Council via Blog do Android.
Essa entidade acabou de descobrir o que todo mundo já sabia, mas muita gente ainda culpa só as empresas pelos altos preços cobrados. Se esquecem que o próprio governo é quem também incentiva a pirataria, encarecendo produtos com altos impostos.
Espero que a coisa mude de figura, e que os dois lados reflitam sobre isso.
Abraços.