Mosquito aedes aegypti, agente causador da dengue.

Guia completo: Como se proteger contra a Dengue

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Segundo o Ministério da Saúde, quase 5 milhões de brasileiros podem ser infectados com a dengue em 2024. Saiba mais sobre a doença e como se proteger.

No último dia 29 de fevereiro, o Ministério da Saúde divulgou dados preocupantes sobre a incidência de dengue no Brasil em 2024, revelando que o país superou a marca alarmante de 1 milhão de casos confirmados. Além disso, foram registrados 214 óbitos relacionados à doença, enquanto outros 687 casos de morte estão atualmente em fase de investigação para determinar sua conexão com a dengue.

A gravidade da situação tem gerado crescente apreensão tanto entre a população quanto entre os especialistas em saúde. Diante desse cenário crítico, torna-se fundamental o conhecimento e a implementação de medidas protetivas eficientes. A mobilização da sociedade, o fortalecimento da vigilância epidemiológica e a promoção de campanhas educativas são fundamentais para enfrentar esse desafio de saúde pública.

Em resposta ao expressivo número de casos registrados em todo o território nacional e à crescente inquietação da população, a equipe do Showmetech elaborou um guia informativo sobre como se proteger contra a dengue. Portanto, continue a leitura para obter os conhecimentos vitais sobre o assunto!

Larvas do mosquito da dengue.
Larvas do mosquito da dengue. Imagem: Ivo Gonçalves/PMPA

O que é a Dengue?


A dengue é uma doença infecciosa febril aguda que se manifesta em formas benignas ou graves — a depender de diversos fatores, como o tipo de vírus envolvido, infecções anteriores pelo mosquito da dengue e condições individuais, tais como doenças crônicas (diabetes, asma, anemia falciforme e asma brônquica).

O agente causador da dengue pertence à família Flaviviridae, no gênero Flavivírus, e apresenta quatro sorotipos distintos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Esses sorotipos são classificados como arbovírus, indicando que são predominantemente transmitidos por mosquitos. No Brasil, a transmissão da doença ocorre através da fêmea do mosquito Aedes aegypti e, quando uma pessoa é infectada pelo vírus, pode manifestar a doença clássica ou hemorrágica.

Tipos de Dengue

Os sintomas da dengue podem ser bastante diversos.
Os sintomas da dengue podem ser bastante diversos. Imagem: Freepik

Manifestações clínicas

Clinicamente, os tipos de dengue podem se manifestar de três maneiras:

  • Dengue clássica: é a forma mais leve da doença e, por isso, é constantemente confundida com a gripe. O seu início é súbito e os sintomas podem durar entre cinco e sete dias;
  • Síndrome do choque da dengue: nesse caso, ocorre uma grande queda ou ausência de pressão arterial, acompanhado de inquietação, palidez e perda de consciência;
  • Dengue hemorrágica: ocorre quando o indivíduo infectado pelo vírus da dengue sofre alterações na coagulação sanguínea. Ela é comum quando a pessoa está infectada pela segunda ou terceira vez e, caso não seja tratada, pode levar à morte.

Variações virais e sorotipos

É fundamental destacar que a dengue é causada pelo vírus DENV, que possui diferentes variações em sua estrutura, resultando em sorotipos distintos. Até o presente momento, foram identificados 5 sorotipos e 18 linhagens do vírus da dengue. No território nacional, circulam os sorotipos 1, 2 3 e 4.

Após ser infectado, o organismo desenvolve imunidade permanente apenas ao sorotipo específico envolvido. No entanto, essa imunidade não oferece proteção contra os demais sorotipos, o que permite que uma pessoa seja infectada até quatro vezes pelo vírus.

A prevalência de um sorotipo particular pode variar em distintas regiões ao longo do tempo, dependendo da capacidade de disseminação e do número de pessoas ainda não expostas ao sorotipo predominante.

Os sorotipos presentes no Brasil se caracterizam da seguinte forma:

  • Tipo 1 (DENV-1): foi descoberto em 1981 e surgiu em casos isolados em Roraima. A sua circulação atingiu outras regiões do país a partir de 1986.
  • Tipo 2 (DENV-2): foi identificado em 1990 e tanto o primeiro como o segundo tipo tem sido predominantes no Brasil nos últimos 4 anos.
  • Tipo 3 (DENV-3): foi isolado em 2000. Em 2016, ele se manteve como o sorotipo mais comum no país.
  • Tipo 4 (DENV-4): foi identificado em casos isolados e restritos que ocorreram na região Norte em 1981. Contudo, após 2010, ele passou a circular em outras regiões.
  • Tipo 5 (DENV-5): surgiu em 2007, na Malásia. Até o momento não foi identificado nenhum caso deste sorotipo no Brasil.

Qual tipo de Dengue é considerado o mais grave?

Qualquer um dos sorotipos do vírus da dengue é passível de causar desde infecções assintomáticas até óbitos. Contudo, apesar desse fato, os sorotipos 2 e 3 são considerados mais virulentos, isso porque se espalham com facilidade.

Dessa forma, todos os sorotipos são capazes de causar dengue grave na primeira infecção, mas na maior parte das vezes esses casos ocorrem na segunda ou terceira infecção.

Qual o mosquito causador da Dengue?

Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. I
Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. Imagem: iStock


O mosquito da dengue é o Aedes aegypti, originário da África e disseminado globalmente de maneira passiva pelo homem, transformando-o em um inseto cosmopolita. Apresentando tamanho inferior aos mosquitos comuns, destaca-se por sua coloração preta, com riscos formando um desenho semelhante a uma taça no tórax, além de listras brancas na cabeça e nas pernas. Suas asas são translúcidas, e o ruído produzido é praticamente inaudível ao ouvido humano.

Na biologia desta espécie, observa-se que o macho do Aedes aegypti se alimenta exclusivamente de frutas, enquanto a fêmea necessita de sangue para o amadurecimento dos ovos, que são depositados nas paredes internas de objetos próximos a superfícies de água limpa, por proporcionarem condições ideais de sobrevivência.

Com uma expectativa de vida que dura em torno de 30 dias, a fêmea é capaz de depositar entre 150 e 200 ovos durante esse período. Quando provenientes de uma fêmea contaminada pelo vírus da dengue, esses ovos, ao completarem seu ciclo evolutivo, tornam-se agentes transmissores da doença. É importante destacar ainda que os ovos são colocados em recipientes artificiais, como garrafas vazias, pneus, calhas, caixas d’água descobertas, pratos sob vasos de plantas ou qualquer outro objeto capaz de acumular água de chuva.

Apesar de também ser encontrado em áreas rurais, o Aedes aegypti é predominantemente um mosquito urbano. Sua adaptação a regiões tropicais e subtropicais revela sua sensibilidade às baixas temperaturas em altitudes elevadas. Além disso, as fêmeas, buscando sangue humano como fonte de proteína, tendem a atacar durante a manhã ou entardecer, e sua saliva possui uma substância anestésica, tornando a picada praticamente indolor.

Transmissão e incubação


A transmissão da dengue acontece pela picada do mosquito Aedes aegypti. Após se alimentar de sangue infectado, o mosquito adquire a capacidade de transmitir o vírus, apresentando um período de incubação que pode variar de 8 a 12 dias. Existe ainda a possibilidade de transmissão mecânica, que ocorre quando a alimentação do inseto é interrompida e ele se alimenta imediatamente de um hospedeiro suscetível nas proximidades.

A transmissão não ocorre por contato direto com um doente ou suas secreções, nem mesmo através de fontes de água ou alimentos. Logo, a sua ocorrência está vinculada à presença do vírus no sangue humano. O período crítico da doença começa um dia antes do surgimento da febre e se estende até o 6º dia. Quanto ao período de incubação, este varia de 3 a 15 dias, com uma média de 5 a 6 dias.

Imunidade


A suscetibilidade ao vírus da dengue é universal, indicando que qualquer pessoa pode ser infectada. Entretanto, a imunidade permanente desenvolve-se de forma específica para cada sorotipo (homóloga), o que significa que a proteção adquirida contra um determinado sorotipo não se estende automaticamente aos outros. Há também uma imunidade cruzada temporária (heteróloga), através da qual a resposta imunológica à infecção aguda por dengue pode ser categorizada como primária ou secundária.

A resposta primária ocorre quando o indivíduo não teve exposição prévia ao vírus. Nesse caso, a produção de anticorpos aumenta gradualmente em resposta à infecção inicial. Em contraste, a resposta secundária ocorre em pessoas com infecção aguda por dengue que já foram previamente expostas a flavivírus, resultando em um rápido aumento nos níveis de anticorpos devido à memória imunológica adquirida durante a exposição anterior.

Sintomas e tratamentos

Um dos principais sintomas da dengue é a febre.
Um dos principais sintomas da dengue é a febre. Imagem: Freepik

Sintomas

Os sintomas podem começar de uma hora para outra e duram entre cinco a sete dias. Após uma pessoa ser picada pelo mosquito transmissor da dengue, leva entre 3 a 15 dias para a doença se manifestar. Os principais sintomas são os seguintes:

  • Febre alta com início súbito — entre 39º a 40º C;
  • Dor atrás dos olhos;
  • Dor de cabeça;
  • Extremo cansaço;
  • Manchas e erupções na pele, normalmente com coceiras;
  • Moleza e dor no corpo;
  • Dores nos ossos e articulações;
  • Tontura;
  • Náuseas e vômitos;
  • Perda de apetite e paladar.

Para receber o diagnóstico da doença, é realizado exame de sangue para dengue ou sorologia para dengue. O Governo Federal também conta com o uso de testes rápidos na tabela do Sistema Único de Saúde (SUS).

Tratamento

Não existe um tratamento específico contra a dengue. Diante disso, os indivíduos infectados devem focar no uso de medicamentos para aliviar os sintomas, enquanto adotam medidas essenciais, incluindo repouso, reposição adequada de líquidos e a administração correta dos medicamentos indicados.

Caso a pessoa infectada apresente dores e febres, pode ser receitado algum medicamento antitérmico, como paracetamol. Em situações mais graves, a hospitalização pode ser necessária para garantir a hidratação por via endovenosa, enquanto os casos extremos são encaminhados para tratamento em unidade de terapia intensiva.

O paracetamol e a dipirona são os medicamentos utilizados para o alívio dos sintomas de dor e febre em casos de dengue, sendo recomendados pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Importante lembrar: a auto medicação não é recomendada! Ao surgirem os sintomas, procure atendimento médico.

Medicamentos proibidos

Medicamentos a base de aspirina são proibidos em casos de suspeita de dengue.
Medicamentos a base de aspirina são proibidos em casos de suspeita de dengue. Imagem: Freepik

Os pacientes que estão lutando contra a dengue ou estão com suspeita da doença devem evitar medicamentos a base de ácido acetilsalicílico (aspirina) ou que possuam substância associada. Esses medicamentos possuem efeito anticoagulante, o que pode desencadear sangramentos e agravar a condição.

Os anti-inflamatórios não hormonais, como diclofenaco, ibuprofeno e piroxicam também precisam ser evitados, pois podem aumentar o risco de sangramentos.

Vacinas contra a Dengue

Vacina da dengue começa a ser oferecida pelo sus.
Vacina da dengue começa a ser oferecida pelo SUS. Imagem: Freepik

A primeira vacina contra a dengue aprovada no Brasil, a Dengvaxia da Sanofi Pasteur, foi autorizada pela Anvisa em 2015. Essa vacina abrange os sorotipos 1, 2, 3 e 4, sendo destinada a indivíduos de 9 a 45 anos que já tiveram dengue. Contudo, ela está disponível apenas em clínicas particulares.

A segunda vacina, Qdenga, obteve aprovação da Anvisa em 2023 e, a partir de janeiro de 2024, passou a ser oferecida em clínicas particulares. Em fevereiro do mesmo ano, foi incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), tornando-se acessível também pelo SUS. Ela protege contra os sorotipos DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4, sendo aplicável tanto em pessoas sem histórico de dengue quanto naquelas que já tiveram a doença.

No sistema público de saúde, a vacina da dengue está disponível para pessoas entre 4 e 60 anos, sendo contraindicada para gestantes, lactantes, indivíduos com sistema imunológico comprometido, condições imunossupressoras ou alergia a componentes da fórmula.

O primeiro grupo a receber a vacina são crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Ao longo de 2024, a expectativa é que sejam disponibilizadas cerca de 6,2 milhões de doses da vacina gratuitamente pelo SUS. Essa estratégia visa abordar de forma assertiva áreas mais vulneráveis à dengue, proporcionando uma resposta eficaz contra a doença.

Quanto à eficácia, a Qdenga demonstrou ser eficiente em 69,8% dos casos de infecção pelo sorotipo 1, 95,1% pelo sorotipo 2 e 48,9% pelo sorotipo 3.

Para saber mais sobre a Qdenga, confira a nossa matéria completa sobre o assunto!

Precauções para impedir a proliferação do mosquito

A população deve estar atento às precauções contra a dengue.
A população deve estar atento às precauções contra a dengue. Imagem: Edu Kapps/SMS-Rio

Para aqueles que se perguntam como se proteger da dengue, a resposta está na prevenção da proliferação do mosquito Aedes aegypti. Para isso, adote as seguintes precauções:

  • Não deixe recipientes com água parada;
  • Garante que as caixas d’água estejam bem vedadas;
  • Coloque areia nos vasos de plantas para evitar acúmulo de água;
  • Mantenha piscinas devidamente cobertas;
  • Recolha e acondicione o lixo corretamente
  • Faça a limpeza regular das calhas;
  • Limpe a bandeja coletora de água do ar-condicionado;
  • Cubra bem cisternas e demais reservatórios de água;
  • Tape os ralos e mantenha as tampas dos vasos sanitários abaixadas;
  • Limpar e guardar as vasilhas dos animais de estimação adequadamente;
  • Mantenha as lixeiras bem tapadas

Essas medidas não se limitam apenas às residências, sendo essencial estar alerta a possíveis focos de água parada em ambientes como escolas, locais de trabalho e outros frequentados diariamente.

Adicionalmente, considere o uso de roupas que minimizem a exposição da pele durante o dia, oferecendo uma camada extra de proteção contra as picadas do mosquito da dengue, especialmente durante surtos. Repelentes, inseticidas e mosquiteiros também são ferramentas eficazes para complementar a proteção pessoal.

Com a adoção dessas práticas, pode-se contribuir significativamente para a redução de risco de transmissão da doença.

Veja também:

Fontes: Ministério da Saúde, Governo de São Paulo, Ministério da Saúde

Revisado por Glauco Vital em 14/3/24.

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