REVIEW: Dragon’s Dogma 2 brilha em meio a problemas técnicos

Após 12 anos de espera, os fãs da série de RPG medieval da CAPCOM podem, finalmente, aproveitar suas jornadas em Dragon’s Dogma 2. A saga que capturou a imaginação de muitos volta não apenas para reivindicar o seu lugar no coração dos jogadores, mas para expandi-lo com novas histórias, desafios e mistérios.

Entretanto, será que a espera valeu a pena e no meio de tantos lançamentos tumultuados da indústria de jogos, o game conseguiu se destacar ou foi mais um título com o potencial desperdiçado? Confira os principais pontos dessa jornada em nosso review!

Vale lembrar que apesar de nossos esforços para evitar, podem existir alguns spoilers do jogo abaixo.

História

Em Dragon’s Dogma 2, os jogadores se deparam com uma narrativa que, embora possua sua própria complexidade e mitologia, não é o principal chamariz do jogo. A trama se aprofunda mais que a de seu antecessor, trazendo um novo Nascen, um soldado que foi morto por um dragão e ressuscitado mesmo sem coração. Este ciclo eterno, onde o surgimento de um dragão implica na criação de um novo herói, ambos destinados a um confronto inevitável, é apenas o começo.

Desta vez, a história ganha contornos ainda mais dramáticos com a inserção de uma conspiração política onde outro personagem reivindica o título de Nascen, aspirando ao trono de Sovran de Vermund, adicionando uma camada extra de intrigas e batalhas contra monstruosidades gigantescas. Contudo, é importante ressaltar que, apesar da criatividade empregada na elaboração deste enredo, a história tende a ser ofuscada pela própria mecânica do jogo e suas aventuras. Os personagens apresentados, mesmo que parte de uma rica tapeçaria narrativa, acabam por não ser tão cativantes, com diálogos muitas vezes artificiais e uma tentativa de romance e amizade que não alcança seu pleno potencial.

No entanto, os peões, criaturas invocadas que auxiliam o jogador em sua jornada, se destacam significativamente, fornecendo não apenas apoio em combate, mas também orientação para os objetivos, evidenciando a evolução na utilidade destes companheiros em relação ao jogo anterior. Dragon’s Dogma 2 mantém a essência de liberdade, permitindo aos jogadores explorar o vasto mapa à vontade, com a novidade de poder contar com orientações mais assertivas para missões através dos peões ou consultando adivinhos locais. Além disso, a sequência melhora aspectos antes criticados no jogo original, como missões de furtividade e a dinâmica de exploração, apresentando ajustes e adições que enriquecem a experiência de jogo.

Embora a trama de Dragon’s Dogma 2 seja mais envolvente e bem construída que a do primeiro título, e garantindo que mesmo aqueles que não jogaram o antecessor possam mergulhar sem empecilhos neste universo, ela se apresenta mais como um pano de fundo para a verdadeira atração. A emoção de explorar terras desconhecidas, enfrentar criaturas gigantescas e superar desafios com a ajuda de seus peões. Esta sequência confirma que, embora a história tenha seu valor, o coração da série reside na ação e aventura proporcionadas por sua jogabilidade envolvente e pelo dinamismo de suas batalhas.

Jogabilidade

Explorar o vasto e misterioso mundo do game é uma experiência que imerge os jogadores em uma aventura sem precedentes, cheia de desafios e surpresas. Vale a pena jogar Dragon’s Dogma 2, especialmente para aqueles que buscam uma gameplay rica e dinâmica, que coloca à prova tanto a estratégia quanto a habilidade em combate. A inclusão dos Peões, ou Pawns, eleva a experiência, proporcionando uma companhia constante que mais do que apenas assiste nas batalhas: oferece uma interação profunda e estratégica que enriquece cada momento do jogo.

Ao criar meu peão principal, inspirei-me em Lae’Zel de Baldur’s Gate 3, o que inicialmente me causou estranhamento. Diferente da guerreira teimosa e individualista que estamos acostumados, o peão em Dragon’s Dogma 2 demonstrou ser extremamente prestativo, sempre disposto a ajudar todos ao redor. Então, por algumas vezes, sempre que ela comentava como deveríamos sair de nosso objetivo “principal” para ajudar alguma pessoa em perigo, sempre ria comigo mesmo. Afinal, a personagem que me inspirei, certamente desejaria me matar no jogo da Larian se eu resolvesse fazer isso.

A exploração do mapa é outro ponto forte de Dragon’s Dogma 2. O jogo incentiva a curiosidade e a aventura, levando os jogadores a explorar cada canto de seu vasto mundo. Sempre há algo acontecendo, seja um encontro inesperado com criaturas gigantescas ou a descoberta de locais escondidos repletos de tesouros. No entanto, essa liberdade vem com seus desafios. Para aqueles que preferem seguir a história principal sem muitos desvios, a falta de direções claras e a escassez de pontos de viagem rápida podem representar obstáculos, exigindo paciência e um espírito verdadeiramente explorador para superá-los. Apesar disso, a recompensa por explorar é sempre gratificante, oferecendo mais do que apenas itens raros: uma verdadeira sensação de descoberta.

O combate

O combate em Dragon’s Dogma 2 é, indiscutivelmente, uma das experiências mais vibrantes e imersivas que o jogo tem a oferecer. Inspirando-se em títulos renomados como Monster Hunter e Shadow of the Colossus, este sistema de luta desafia os jogadores a enfrentar e escalar inimigos gigantes para descobrir e atacar seus pontos fracos. Esta abordagem não apenas aumenta a estratégia envolvida em cada batalha, mas também eleva a adrenalina, tornando cada confronto uma experiência única e memorável. A possibilidade de customizar e adaptar os Peões para complementar o estilo de luta do personagem principal ainda adiciona uma camada estratégica, permitindo uma gama variada de táticas e abordagens.

Sob a liderança de Hideaki Itsuno, conhecido por seu trabalho em Devil May Cry, esse é o ponto que mais brilha e enche os olhos ao se comentar desse game. Após uma introdução que coloca o jogador diretamente em ação contra inimigos em uma mina invadida por Medusa, o mundo se abre, deixando praticamente o jogador à sua própria sorte.

Diferente de muitos RPGs de ação modernos, que se apoiam em esquivas e contra-ataques, em Dragon’s Dogma, cada ataque recebido é significativo e pode ser devastador. A tática supera o reflexo neste sistema implacável, que premia a adaptabilidade, a preparação e a cautela. Sofrer muito dano reduz a saúde máxima, a falta de estamina paralisa o personagem com fadiga, e as debilitações realmente incapacitam.

A ambientação desempenha um papel crucial, servindo não apenas como pano de fundo, mas como um participante ativo nas batalhas. Há rochas para lançar contra inimigos, represas e pontes que podem ser destruídas para servir como armadilhas, e balistas de cerco para enfrentar os inimigos mais temíveis. O combate foi aprimorado para ser mais dinâmico e “épico”, com controles mais intuitivos. As lutas podem ser divididas em dois tipos: combates normais e confrontos com inimigos gigantes. Na primeira opção, enfrentamos um grande grupo de inimigos num estilo mais hack-and-slash, que pode evoluir conforme reforços chegam para os dois lados de forma orgânica.

Os confrontos com inimigos gigantes são distintos, marcados por barras de saúde grandes visíveis no topo da tela e músicas temáticas que intensificam a atmosfera. Essas batalhas funcionam como encontros com chefes, focando em um único grande adversário. Um dos aspectos mais marcantes da série Dragon’s Dogma é a capacidade de escalar esses colossos para atingir pontos vitais, uma estratégia não recomendada para todas as classes, mas que, quando bem executada, facilita significativamente o combate para todos os envolvidos.

As lutas contra essas criaturas são épicas tanto em escala quanto em desafio, com os monstros desferindo ataques devastadores e exibindo habilidades únicas. A precisão dos detalhes nessas criaturas, graças ao poder de processamento e aos detalhes gráficos avançados de motores mais modernos, confere a elas uma “personalidade” muito mais rica.

Entretanto, apesar do combate ser excelente, é preciso também citar que a falta de variedade dos inimigos pode ser um grande incômodo. Nas primeiras horas de sua aventura, é divertido procurar por goblins em seus acampamentos ou ser emboscado por lobos e derrotá-los, só que depois de algumas dezenas de horas, você sente falta de outros desafios pelo mapa, que não sejam os inimigos grandes.

Sendo assim, embora Dragon’s Dogma 2 possa não ter a narrativa mais envolvente quando comparado a outros títulos, ele compensa com uma gameplay que está entre as melhores do ano. A combinação de combate intenso, exploração recompensadora e a interação dinâmica com os Peões cria uma experiência que é tanto desafiadora quanto imensamente satisfatória. Para os amantes de aventura e ação, embarcar nesse mundo é garantia de horas de entretenimento e descobertas.

Microtransações?

Outra polêmica que balançou a comunidade de jogadores recentemente foi a estratégia de monetização adotada pela CAPCOM para o Dragon’s Dogma 2. A empresa, buscando formas de aumentar o lucro com o título, optou por vender itens que facilitam o progresso na história. Essa abordagem não é novidade para a empresa, que já aplicou estratégias semelhantes em outros jogos, como no caso de Devil May Cry 5, onde itens que ajudam os jogadores a avançarem mais rapidamente também estavam à venda.

Essa forma de comercialização, especialmente em jogos single players e offline, é algo com o qual pessoalmente não concordo, apesar de reconhecer que se tornou uma prática comum no setor e me deixa preocupado com o futuro da indústria. Entretanto, é importante ressaltar também que essa prática não atrapalha nossa experiência geral com o game.

A opção de comprar esses itens extras não é imposta de maneira agressiva ao jogador; ao contrário, é bastante discreta, e enquanto se joga, é possível ter acesso a esses recursos sem a necessidade de desembolsar dinheiro real.

Então, se você estava preocupado com as reclamações citadas pelos jogadores nas redes sociais, entenda que, por vezes, elas são exageradas. É uma prática a se criticar, mas dentro do contexto de Dragon’s Dogma 2, não o torna Pay To Win.

Trilha sonora e dublagem

Por meio de uma composição de qualidade que se equipara a trilhas de grandes produções cinematográficas, a música acompanha o jogador de maneira constante, criando uma atmosfera sonora que aprimora a experiência de jogo. As batalhas contra criaturas míticas, como grifos, trolls ou quimeras, ganham uma dimensão extra com o acompanhamento de uma orquestra épica e corais que trazem melodias marcantes, tornando esses momentos não só intensos, mas também memoráveis.

A direção artística da música em Dragon’s Dogma 2 merece reconhecimento. A trilha sonora se apresenta como uma obra dramaticamente envolvente, capturando nossa atenção desde as primeiras notas e garantindo uma imersão profunda no universo do jogo. Sem entrar em detalhes específicos para evitar spoilers, os momentos finais do jogo são acompanhados por peças musicais particularmente emocionantes, que asseguram que o clímax de cada aventura seja sentido de forma intensa.

A evolução da música de batalha segue um crescimento orgânico, aumentando em intensidade conforme os desafios se tornam mais complexos. Essa progressão não é apenas um detalhe técnico, mas uma decisão de design que enriquece a experiência de jogo, envolvendo o jogador de forma crescente. A trilha sonora, que inclui faixas originais remasterizadas e remixadas, juntamente com novas composições, oferece uma variedade que garante que cada momento de vitória seja único e impactante.

Por fim, a qualidade da dublagem em Dragon’s Dogma 2 se destaca, especialmente no que se refere à vozes ocidentais, que adota um toque de inglês arcaico alinhado à ambientação medieval europeia do jogo. Essa escolha não só complementa a direção artística e musical, mas também adiciona uma camada de autenticidade e imersão, enriquecendo ainda mais a experiência do jogador. A sinergia entre uma trilha sonora épica e uma dublagem cuidadosamente escolhida reflete o esforço e a atenção aos detalhes da CAPCOM, que compensam alguns dos problemas que o game apresenta.

Performance e Gráficos

Através do uso da RE Engine, a CAPCOM apresenta em Dragon’s Dogma 2 ambientes expansivos e detalhados que marcam um avanço em termos visuais para a série, especialmente ao lembrarmos que sua iteração original data de duas gerações atrás. A riqueza da vegetação, o design intricado dos monstros, e as dinâmicas mudanças climáticas e de ciclo dia-noite, posicionam o título como uma referência visual entre os RPGs de ação, embora sem colocá-lo num pedestal inalcançável.

A análise de desempenho de Dragon’s Dogma 2, com foco na versão para Xbox Series X avaliada pelo Showmetech, revela tanto o potencial quanto os desafios enfrentados pela atual geração de hardware. Apesar de uma apresentação visual impressionante e uma escala de mundo aberto bem realizada, o jogo enfrenta contratempos técnicos que não podem ser ignorados. A experiência, na maioria positiva, evidencia que até títulos com vasto potencial gráfico e técnico podem tropeçar em termos de performance, especialmente em plataformas variadas.

A questão da performance em diferentes dispositivos ressalta um ponto de atenção para a CAPCOM, onde a inconsistência em manter uma jogabilidade fluida sob diferentes circunstâncias marca um contraste com o potencial técnico dos PCs e consoles modernos. É lamentável que Dragon’s Dogma 2, mesmo apoiado por recursos avançados, mostre-se desafiado em alcançar uma performance estável, refletindo uma necessidade clara de otimizações para aproveitar ao máximo a capacidade dessas plataformas.

Variações significativas no framerate, particularmente em áreas urbanas movimentadas, e aspectos como sincronização labial e animações faciais que deixam a desejar em certas cenas, são indicativos de áreas que beneficiariam de ajustes. Esses são desafios enfrentados por muitos títulos recentes, refletindo um problema mais amplo na indústria que transcende um único desenvolvedor ou jogo.

Apesar destes problemas pontuais, é justo reconhecer que Dragon’s Dogma 2 se mantém como uma experiência de jogo sólida e maioritariamente livre de bugs significativos, ressaltando a capacidade da RE Engine em proporcionar uma experiência de jogo imersiva e coesa, mesmo em cenas de ação intensa.

As críticas ao desempenho, embora justificadas, não diminuem o fato de que o game é uma obra impressionante por seu próprio mérito. Com ajustes focados e um compromisso contínuo com melhorias pós-lançamento, há potencial para que a Capcom refine ainda mais o jogo. A expectativa da comunidade é de que futuras atualizações possam endereçar essas questões, permitindo uma experiência mais fluída e engajante neste universo expansivo, em consonância com o que jogadores e a própria tecnologia atual podem oferecer.

Requisitos de Hardware

Para a versão de PC, esses são os requisitos da CAPCOM para o game:

Componente	Requisitos Mínimos	Requisitos Recomendados
Sistema Operacional	Windows 10 (64 bit) / Windows 11 (64 bit)	Windows 10 (64 bit) / Windows 11 (64 bit)
Processador	Intel Core i5 10600 / AMD Ryzen 5 3600	Intel Core i7-10700 / AMD Ryzen 5 3600X
Memória	16 GB de RAM	16 GB de RAM
Placa de vídeo	NVIDIA GeForce GTX 1070 / AMD Radeon RX 5500 XT (8GB)	NVIDIA GeForce RTX 2080 / AMD Radeon RX 6700
DirectX	Versão 12	Versão 12
Rede	Conexão de internet banda larga	Conexão de internet banda larga
Outras observações	1080p/30 fps. NVIDIA GeForce RTX 2080 Ti ou AMD Radeon RX 6800 necessário para ray tracing.	2160i/30fps. NVIDIA GeForce RTX 2080 Ti ou AMD Radeon RX 6800 necessário para ray tracing.

Preço e disponibilidade

Exclusivo da nova geração, Dragon’s Dogma 2 está disponível para Xbox Series S|X, onde pode ser adquirido por R$ 336,00 na Xbox Store. Sendo que o mesmo preço é praticado no PlayStation 5, que pode ser adquirido na loja oficial da Sony.

Por fim, os jogadores de PC pagam um pouco mais barato no game, já que a Steam colocou o preço de R$ 299,00 para o título.

Vale a pena jogar Dragon’s Dogma 2?

Dragon’s Dogma 2 se destaca como uma experiência imperdível na atual geração de jogos, refletindo um equilíbrio entre inovação e a essência do que tornou seu antecessor memorável. A controvérsia em torno das microtransações da CAPCOM, embora digna de nota, não impacta a essência da gameplay, que permanece cativante e profundamente envolvente.

Para novos jogadores e veteranos do universo, é crucial abordar este título com a mente aberta, reconhecendo sua identidade única. Embora possa compartilhar elementos com gigantes do gênero como Dark Souls, The Witcher 3 e Skyrim, Dragon’s Dogma 2 estabelece seu próprio caminho, mergulhando os jogadores em um mundo que desafia e recompensa a exploração com um combate dinâmico e uma liberdade sem paralelo.

O sistema de combate é uma joia, oferecendo horas de entretenimento, seja em batalhas épicas ou na criação meticulosa de personagens por meio de um criador robusto, permitindo aos jogadores reimaginar seus heróis favoritos dentro deste mundo. A jogabilidade, enriquecida pela interação com os Peões, a exploração de territórios vastos e misteriosos, e confrontos memoráveis contra criaturas gigantes, constitui o coração pulsante da experiência.

Então, se você busca por um título que não apenas merece atenção, mas também é altamente recomendado para aqueles que buscam uma experiência de jogo rica e multifacetada, Dragon’s Dogma 2 é um dos melhores títulos que você pode experimentar nesse ano. Suas qualidades compensam quaisquer potenciais desafios técnicos, garantindo que a jornada dentro deste mundo seja tão recompensadora quanto desafiadora. Para os aficionados por aventura, ação e uma história que é competente, o novo lançamento da CAPCOM para esse ano se confirma como uma adição valiosa à biblioteca de qualquer gamer.

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Se ainda tiver em dúvidas, descubra o que você precisa saber antes de jogar Dragon’s Dogma 2!

O que você precisa saber antes de jogar Dragons Dogma 2?

Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim