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Review: Tales of Vesperia: Definitive Edition retorna em boa forma em 2019

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Considerado um dos mais elogiados títulos da franquia Tales, o RPG oriental de 2008 Tales of Vesperia retorna de forma definitiva com um visual mais agradável, mas com ideias datadas demais para a geração atual

Uma das propriedades intelectuais da Bandai Namco de maior sucesso no oriente é a série Tales. Com a crescente popularização dos JRPGs nos últimos dez anos, não demorou muito para que títulos como o elogiado Tales of Vesperia abandonassem seus nichos restritos e conquistassem uma fatia considerável da camada de jogos mais populares.

Seja por sua trama emocionante, pelo estilo revigorado de combate da época — mais dinâmico que seus antecessores de franquia — ou por ser fortemente considerado por muitos um anime “jogável”, o título foi bem recepcionado em 2008 e fortemente aguardado em sua versão remasterizada anunciada para 2019. Resta-nos saber o que Tales of Vesperia: Definitive Edition é (ou deixou de ser) após quase 11 anos desde seu primeiro lançamento.

Yuri Lowell, o foragido

Em Tales of Vesperia, assumimos o papel de Yuri Lowell, um ex-cavaleiro imperial que já começa sua aventura com o pé esquerdo: ao tentar acidentalmente livrar a pele da princesa Estellise, o renegado foge da cidade e leva consigo a jovem.

A partir disso, fenômenos envolvendo o desequilíbrio da fonte energética conhecida como blastia agravam cada um dos encontros e desencontros entre os atuais e novos membros da equipe de Yuri. Isso soma-se a uma disputa de poderes entre os antagonistas do jogo, que querem usar livre e inapropriadamente a tecnologia dos blastia em seu próprio benefício.

A trama ressalta temas, conflitos e clichês fortemente presentes em animes, mas o jogo também possui um sistema interessante de diálogos que lembra um mangá com animações em tempo real. Esse tipo de desenvolvimento de personagens é totalmente opcional, mas dá uma cara bem autêntica ao jogo.

Os quadrinhos destacam a personalidade, humor recorrente e até a posição dos personagens durante a aventura.
Os quadrinhos destacam a personalidade, humor recorrente e até a posição dos personagens durante a aventura.

Alguns dos personagens, como Flynn e Patty, só apareceram na versão oriental do port para PS3 — ou seja, será a primeira vez que eles figurarão a trama para os jogadores do ocidente. Além disso, a dublagem de voz em língua inglesa (voice acting) também estará presente pela primeira vez fora do japão.

Combatendo os males

O combate em Tales of Vesperia ocorre em tempo real, com o protagonista podendo se mover livremente pela arena ou se direcionando rumo ao encontro do inimigo mais próximo (posicionamento e postura são muito importantes). Somos colocados nas arenas de combate toda vez que somos 
aleatoriamente surpreendidos por criaturas que aparecem nas fases ou áreas abertas do jogo —  seres estes que podem nos abordar violentamente e invocar ainda mais inimigos contra nosso esquadrão.

As opções de combos (moveset) e os tipos de ações que causam danos melhoram ao longo do jogo. Pode-se usar algo conhecido com weapon artes, habilidades especiais que podem ser adquiridas naturalmente durante as batalhas. É impactante ver cada uma delas sendo utilizada pela primeira vez, com todas as animações completas e o dano dos novos golpes — ainda mais com a imprevisibilidade associada a seu aparecimento nas batalhas.

Prepare-se para um combate que te surpreende nas animações, mas que deixa um pouco a desejar nas mecânicas.
Prepare-se para um combate que te surpreende nas animações, mas que deixa um pouco a desejar nas mecânicas.

As lutas que envolvem apenas Yuri são muito mais difíceis de serem vencidas, principalmente nas dificuldades mais acentuadas. A party é composta geralmente de um grupo limitado de NPCs, que não são controlados diretamente, mas que podem agir em favor da cura e defesa de Yuri.

À medida que conhecemos mais personagens ao longo das mais de 40 horas de campanha, fica fácil saber quais podemos usar em cada situação. Estellise (ou Estelle, para os mais íntimos), por exemplo, é parte essencial de nosso grupo, já que domina artes especializadas em cura e revigoração.

Exércitos nefastos

Os inimigos em Tales of Vesperia possuem uma estética criativa: são dezenas de monstros, humanos e também antagonistas especiais que cruzam o caminho de Yuri Lowell e companhia limitada. Apesar de visualmente distintos, o comportamento de cada criatura não é diferente o bastante para nos livrar do tédio das batalhas comuns após algumas horas de jogo.

As batalhas contra criaturas mais poderosas (ou chefes) exigem um pouco mais de estratégia de cura e de bom posicionamento em relação ao inimigo. É aí onde mais usamos as habilidades especiais do protagonista e seus amigos, tirando proveito da barra que concede a Yuri um combo poderosíssimo e (quase) imparável.

Os ambientes de Terca Lumireis

O mundo de Terca Lumireis tem sua beleza especialmente por se parecer com muito com animes nos traços dos personagens e cores dos ambientes. Receio dizer, porém, que esse tipo de visual não me cativa tanto quanto outros JRPGs, especialmente durante as batalhas.

Castelos, masmorras, bosques, cidades e desertos: você nunca vai se sentir entediado pelo visual de cada região presente em tales of vesperia.
Castelos, masmorras, bosques, cidades e desertos: você nunca vai se sentir entediado pelo visual de cada região presente em Tales of Vesperia.

Há uma grande variedade de ambientes em Tales of Vesperia, garantindo que o jogador tenha a real sensação de que está se deslocando a novas localidades e explorando um mundo misterioso e desconhecido. Minha maior ressalva, porém, fica por conta dele não possuir uma opção que conceda maior clareza para com nossos objetivos no mapa. Por diversas vezes, me senti perdido e tive que revisitar (em vão) tudo aquilo que já havia feito anteriormente só para saber onde deveria ir.

A trilha sonora não é ruim e nem mal utilizada, mas eu posso assegurar que não é também o ponto forte do jogo. Apenas uma música do jogo todo fez total sentido quando foi utilizada. Minha impressão é que se, por acaso, as músicas tivessem sido totalmente trocadas após a segunda metade do jogo, eu provavelmente não notaria.

Versão repaginada definitiva

Por se tratar de uma remasterização de um título de 2008, Tales of Vesperia: Definitive Edition deve também ser comentado no aspecto de revitalização de sua obra original. Originalmente lançado para Xbox 360 e posteriormente para PS3, o título chega pela primeira vez aos consoles dessa geração rodando a 1080p e 60 quadros por segundo no PC, PS4 e Xbox One. (https://teledentistry.com)

Essa é a primeira vez também que o jogo recebe uma versão portátil — no caso, para o Nintendo Switch. Apesar do processamento limitado quando comparado aos poderosos PS4 e Xbox One, o console híbrido da Nintendo (utilizado para essa análise) teve desempenho satisfatório em sua versão de Tales of Vesperia na maioria dos aspectos. Como esperado, o título rodou a 720p no modo portátil e 1080p quando no dock, atingindo 60 quadros por segundo apenas durante o modo batalha.

As texturas e a iluminação do jogo foram tratadas e podemos perceber que o trabalho foi realmente bem executado: as cores estão mais vivas e destacáveis, enaltecendo ainda mais a escolha estética da direção de arte original. Todos os conteúdos adicionais anteriormente lançados para a versão de PS3 também estão presentes aqui — isso sem mencionar algumas coisas a mais na nova versão.

Se você é fã de JRPGs e também curte animes, Tales of Vesperia pode ser um título interessante para o seu gosto — ainda mais se tratando de um dos mais elogiados da clássica série Tales. O título traz algumas marcas de sua idade — como seu game design um pouco datado e diálogos levemente engessados durante as cutscenes —, mas faz um bom trabalho para resgatar um (já considerado) clássico da geração passada.

Cópia digital gentilmente cedida pela Bandai Namco do Brasil. O jogo foi analisado em um PS4 Pro.

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