Alan wake 2

REVIEW: Alan Wake 2 é um magnífico thriller de terror, mas são seus bugs que mais assustam

Avatar de eduardo rebouças
Após treze longos anos de espera, a continuação do clássico cult da geração do Xbox 360 finalmente está entre nós; confira o review a seguir!

O mais novo jogo de um dos estúdios mais talentosos da indústria dos games está aqui, trazendo uma trama única e ambientação altamente envolvente, mas diversos problemas técnicos ficam no caminho da diversão com Alan Wake 2.

O retorno de um best seller

Alan wake 2
Alan Wake está de volta, e com ele, seus demônios e pesadelos. (Imagem: Divulgação)

Da última vez que vimos Alan Wake, o escritor com a maior maré de azar já vista, foi durante o conteúdo extra final de Control, jogo da Remedy Entertainment lançado há alguns anos. Jesse Faden, a protagonista e agente da FBC, a misteriosa agência governamental norte-americana com foco no sobrenatural, investigou o AWE – Altered World Event, traduzido como Evento de Mundo Alterado – que ocorreu em Cauldron Lake, na fictícia Bright Falls, em Washington.

Durante aquela missão, elementos característicos do clássico cult lançado no Xbox 360 e depois no PC foram mesclados à jogabilidade incrível daquele jogo, e Alan revelou estar preso na dimensão paralela onde reina a Presença Obscura e seu sósia do mal, o Mr. Scratch. Depois daquilo, a pergunta ficou no ar: enfim, veríamos, finalmente, um Alan Wake 2? A resposta chegou pouco tempo depois, durante os eventos que substituíram a antiga E3, evento da indústria dos games, onde foi exibido um trailer do tão aguardado jogo.

E agora, chegou a hora de falar dessa obra magnífica, um thriller de terror de qualidade ímpar, estrelado pelo homônimo protagonista e a estreante, uma agente do FBI com um poder de dedução acima da média. Pisamos novamente em Bright Falls, a sonolenta cidadezinha rodeada pelo sobrenatural, e enfim temos respostas para as muitas perguntas que ficaram no ar, além de várias outras.

Alan wake 2
Um dos muitos momentos perturbadores da aventura. (Imagem: Divulgação)

Nos treze anos desde o último jogo, o tempo também passou no universo em que a trama de Alan Wake 2 se passa. Wake, desde os eventos calamitosos do final de sua última aventura, está desaparecido, e nesse período, assassinatos ritualísticos começaram a acontecer, com ligação clara às obras do autor best seller, mas mesmo assim macarrônico. O mais recente, de um agente do FBI também desaparecido desde 2010, trouxe Saga Anderson e seu parceiro, Alex Casey, para o interior de Washington.

Saga logo se inteira do que está acontecendo e começa a perceber que há algo mais acontecendo, que vai muito além de uma mera matança, um caso que exigirá muito de suas capacidades investigativas. O morto, por exemplo, teve seu coração arrancado de seu peito, e ao ser levado ao necrotério, levantou-se e massacrou praticamente todos à sua volta, deixando para trás um manuscrito descrevendo toda a cena macabra em detalhes, além das ações e reações de Anderson.

Utilizando-se de sua técnica de dedução que se dá em seu Lugar Mental, uma espécie de sala de investigação dentro de sua cabeça, Saga é capaz de ligar elementos encontrados durante suas idas e vindas, e com base nisso, tirar conclusões de início mirabolantes, mas que se revelam corretas sobre o curso de sua missão. Nisso, o jogo dá espaço para nós, como jogadores, participar do processo, ligando fatos a assuntos-chave, além de assistir ao processo de criação de perfis dos muitos personagens ligados ao caso, quando Saga tem uma espécie de conversa com o elemento em sua mente.

Pouco tempo depois da assustadora ocorrência na delegacia, enquanto ela lutava contra a figura sobrenatural e grotesca do morto fugido, o próprio Alan Wake reaparece, compartilhando com os agentes a sua história de sofrimento ligado ao seu trabalho de escritor, pois tudo o que escreveu veio a tornar-se realidade, e o que vem acontecendo já foi datilografado em algum momento, sem a sua lembrança. Confuso e desamparado, Wake torna-se o segundo personagem jogável nessa tenebrosa aventura pelas densas e mal-assombradas florestas do Noroeste dos Estados Unidos.

Uma aventura conjunta

Alan wake 2
O lado de Saga na trama traz uma jogabilidade focada na sobrevivência. (Imagem: Divulgação)

Nos primeiros momentos, não é possível trocar de personagem, mas após algumas horas de jogo, Alan Wake 2 passa a incentivar alternar entre Saga e Alan, apontando para uma narrativa não-linear que o jogo conduz tão bem. Quando em controle de Saga, a jogabilidade segue um padrão mais em comum com o primeiro Alan Wake, como um verdadeiro survival horror, do naipe de Resident Evil 4, por exemplo, além também dos elementos investigativos. Anderson é capaz de montar um verdadeiro arsenal de armas, as quais pode atualizar utilizando-se de objetos encontrados espalhados pelos locais que ela visita.

Bem como o original, a grande ameaça vem em forma dos Possuídos, pessoas que foram tomadas pelas sombras, tornando-se monstros horripilantes. Somente com a luz vinda de sua lanterna é que eles passam a ter forma física, tornando-os aptos a serem alvejados por seus tiros. Mas como todo jogo do gênero, seus recursos são relativamente escassos, nesse caso, as baterias de sua lanterna, havendo a necessidade do uso com certa moderação, o que passa a ser outro elemento de jogo principalmente na dificuldade mais alta.

Ao alternar para Wake, o jogo passa a ser uma mesclagem de aventura e exploração, pois o escritor tem de explorar o lado obscuro onde seus manuscritos possuem verdadeiro poder de mudança da realidade. Deparando-se com fontes de inspiração, ele é capaz de usar sua máquina de escrever para alternar o que está a sua frente e, com isso, seguir um rumo diferente na história. As sombras também são vulneráveis à luz em sua campanha, mas de um modo um tanto singular, não sendo uma ameaça do mesmo tamanho que do lado da agente Anderson.

Ambos os estilos de jogo são extremamente bem desenvolvidos no decorrer de Alan Wake 2, e dão ao jogo uma dualidade que facilmente lhe prenderá, pois a história que vai aos poucos se desenvolvendo é de uma qualidade altíssima. Bem como os outros jogos da desenvolvedora, há camadas a serem descobertas a todo momento, e bem como Control, Alan Wake 2 contém interligações com títulos passados, não só pela presença da Federal Bureau of Control, mas com menções e participações até de Max Payne, com tudo menos seu nome, pois ele agora pertence à Rockstar Games.

Para fãs do detetive noir com tendências piegas de Nova York, a presença de uma sósia que age da mesma maneira que ele, na forma do parceiro de Saga, Casey, que, por coincidência, também é o de um dos personagens de Wake. O boneco conta com as feições de Sam Lake, diretor criativo da Remedy, e a voz de James McCaffrey, os mesmos do clássico título da empresa. Dá até calafrios vê-lo caracterizado com a tecnologia atual, muito mais realista do que foi visto no título dos meados dos anos 2000.

Os problemas técnicos também assustam

Alan wake 2
Jogando com Wake, você terá que moldar a realidade alternativa para avançar na trama. (Imagem: Divulgação)

Por mais incrível que Alan Wake 2 seja em termos técnicos, com uma apresentação de cair o queixo em praticamente todos os aspectos, sejam eles gráficos, na precisão com os quais os personagens são modelados e como eles interagem com seus respectivos atores em carne e osso com os quais contracenam, ou as alterações de realidade que brincam com seus sensos de visão e audição no decorrer desta aventura assustadora, há o que se falar também de seus muitos problemas, em forma de bugs.

Infelizmente, em seu atual estado, pelo menos na plataforma em que testei o jogo, no Xbox Series S, Alan Wake 2 é um jogo com extremos problemas. Nas 20 e tantas horas que já coloquei nele, sofri com fechamentos inoportunos, que me forçaram a recomeçar cenas do jogo quase que por completo, pois o mesmo não conta com um sistema de salvamento automático muito confiável, e ao tentar salvar manualmente, em muitas ocasiões, o aplicativo simplesmente se fechou por completo.

Há também diversas questões que pintam aqui e ali que afetam a progressão dentro do jogo. Durante meu tempo jogando, tive inúmeras ocasiões em que o scripting simplesmente parou de funcionar, não permitindo meu avanço, o que me forçou a recorrer a arquivos salvos ou o completo reinício do capítulo. Por mais que eu esteja gostando de Alan Wake 2, e devo dizer, estou simplesmente AMANDO, esses problemas testaram a minha paciência, ao ponto de decidir parar até que sejam lançadas correções pela desenvolvedora.

O nosso veredito 

Alan Wake 2 é um jogo único, que traz elementos incrivelmente bem bolados graças à sua apresentação, uma continuação do estilo bizarro e envolvente da Remedy Entertainment. Há o que se falar sobre a qualidade dos títulos vindos da Naughty Dog em termos de fidelidade gráfica, mas o que vem saindo do estúdio finlandês é de se tirar o chapéu em termos de avanço do meio de entretenimento de games como um todo. 

O que eles vêm fazendo é de uma singularidade, com um nível de maestria que só é alcançado com muita confiança no que está sendo trabalhado, a qual a Remedy esbanja nesse jogo, um verdadeiro thriller psicológico de dar inveja até à Hollywood, muitas vezes sobrepujando o formato de filme, conferindo ao jogador agência sobre os acontecimentos da trama com uma jogabilidade firme de si mesma e totalmente envolvente de ambos os seus protagonistas.

Mesmo com os problemas técnicos pelos quais eu passei, fiquei grudado a Alan Wake 2 a todo o momento, pensando nele quando não estava jogando, durante outras situações totalmente diferentes. Há pouquíssimos jogos que provocam isso, e se não fossem esses defeitos técnicos, muito provavelmente eu não estaria preparando este review, e sim, jogando. 

A qualidade de Alan Wake 2 é tanta que ele QUASE supera essas questões. Se ele já é tão bom assim neste estado, imagina quando tudo for resolvido? Sim, meus amigos, trata-se de um dos melhores jogos dos últimos tempos, facilmente merecedor dos elogios que vem recebendo. Por mais que eu queira parar e esperar um estado mais funcional, me vejo querendo jogar cada vez mais, apesar dos pesares, pois não me sai da cabeça. É esse o tamanho talento da Remedy em plena forma. 

VEJA MAIS 

Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim (1/11/23)

Alan Wake 2 vale a pena?

Alan Wake 2 vale a pena?
84 100 0 1
84/100
Total Score
  • Apresentação
    100/100 Excelente
    Alan Wake 2 é simplesmente brilhante nesse quesito. Gráficos surpreendentes que contam com um sistema de iluminação lhe conferem um senso de ambientação surpreendente. Efeitos de realidade que mesclam atores reais com suas representações poligonais também são um show à parte.
  • História
    100/100 Excelente
    Sem sua trama absolutamente viciante, Alan Wake 2 seria um jogo de terror com elementos funcionais, mas sem muito combustível. As referências a outras propriedades da produtora estão a mil aqui, e personagens antes vistos, juntos de muitos outros novos, conferem a essa nova aventura muito pano pra manga com o qual tece diversos pontos marcantes e emocionantes da história num ritmo frenético, quase enlouquecedor.
  • Jogabilidade
    85/100 Incrível
    Muito do aproveitamento do jogo vem da mesclagem com maestria que a Remedy faz entre sua apresentação e história, já que a jogabilidade em si segue um caminho mais tradicional, ainda mais quando se fala do caminho da agente Saga. Como Wake, no entanto, há traços da criatividade única do estúdio, certamente o destaque da experiência como um todo.
  • Aspectos técnicos
    50/100 Indiferente
    Os problemas pelos quais passei durante minha jogatina ficaram no caminho de meu aproveitamento total da obra criada com tanto carinho por Sam Lake e sua equipe. O estado atual do jogo é lastimável, necessitando de um patch ou três, o quanto antes. Travamentos, entre outros problemas, acontecem frequentemente e tirando muito do aproveitamento da aventura.

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