CRÍTICA: Assassinos da Lua das Flores usa a ganância para apresentar um dos melhores filmes de Martin Scorsese

Ao melhor estilo Martin Scorsese! Com estreia nos cinemas brasileiros marcada para o próximo dia 19 de outubro, Assassinos da Lua das Flores (2023) leva o público a uma completa imersão cinematográfica no talento de um dos maiores nomes da sétima arte em toda a sua história.

Explorando temáticas relevantes como a ganância, o poder e as relações interpessoais de seus personagens, o novo filme da Paramount Pictures que possui cerca de 3 horas e 27 minutos de duração faz os espectadores testemunharem uma série de intrigas, assassinatos e investigação em um Estados Unidos do início do século XX.

A trama de Assassinos da Lua das Flores

Quando expulso de seus locais de origem, o povo indígena Osage se hospeda na região de Oklahoma, nos Estados Unidos. No entanto, quase que sem querer, tempos depois descobrem que o lugar possui uma imensa reservar de petróleo, o que torna seus novos donos ricos.

Com a melhor renda per capita do mundo na década de 1920, os Osage começam a atrair olhares um tanto quanto interesseiros. Conforme os brancos passam a se aproximar e se relacionar com os atuais donos da grana, misteriosos assassinatos surgem sem resolução, até a esperada intervenção do recém-criado FBI.

Os Osage

Assassinos da Lua das Flores pode ser interpretado e analisado por meio de alguns tópicos importantes. O primeiro deles sendo o povo Osage. Originários dos Estados Unidos, o filme mostra uma breve passagem inicial sobre a sua realocação na região de Oklahoma e uma curta menção à grande descoberta do petróleo no local.

A história do filme dirigido pelo famoso cineasta Martin Scorsese (Táxi Driver, 1976) começa apresentando a chega de Ernest Burkhart (Leonardo DiCaprio) à Oklahoma, exatamente o lugar onde vive o povo Osage. Auxiliado por seu tio, William Hale (Robert De Niro), o ex-servidor do exército norte-americano como cozinheiro passa a fazer o necessário para conquistar Mollie (Lily Gladstone) e se tornar herdeiro dos indígenas.

Acontece que, junto de sua mãe e irmãs, Mollie é conhecida por lutar enfaticamente pela sobrevivência de seu povo. Portanto, o plano ousado e ambicioso da dupla inicial pode exigir demais de seus mentores.

Nessa primeira parte do longa-metragem, Scorsese aproveita para se aprofundar na cultura e forma de vida dos Osage, antes excluídos de suas origens. O diretor usa em tela o poder de atuação de Lily Gladstone (First Cow, 2019), que conduz a trama de maneira magistral, expressando toda a resistência, serenidade e frieza pela qual o seu povo passa no momento.

O lado negativo deste período em Assassinos da Lua das Flores fica por conta da dificuldade de entender sobre qual momento específico cada cena se refere. Em alguns momentos, o espectador não sabe exatamente o que aconteceu primeiro em relação aos fatos apresentados. Uma linha cronológica mais elabora poderia facilitar. Mas não é necessariamente algo que atrapalhe.

O Petróleo

Apesar do fato de deter as suas riquezas ser o motivo para quase todos os acontecimentos de Assassinos da Lua das Flores, no filme o petróleo quase não é citado. Definitivamente, a obra deixa o combustível em si de lado para focar e dar visibilidade aos privilégios e aos problemas que a sua descoberta causam, aguçando o desejo e a ganância de todos ao seu redor, principalmente do povo branco, já acostumado a fazer o que for preciso para ter poder.

A não existência de discussões sobre o petróleo propriamente pode ser um impeditivo para alguns, mas nada que atrapalhe o desenrolar do roteiro. Esse, muito bem escrito por Eric Roth e Martin Scorsese. Explorar os conflitos que envolvem a ambição do ser humano por ser o dono da riqueza foi um grande acerto da produção do longa.

Atuações

É impossível falar sobre este novo lançamento e não exaltar as grandes atuações da obra, principalmente para o lado de Leonardo DiCaprio (O Lobo de Wall Street, 2013) e Robert De Niro (Touro Indomável, 1980). Ok, falar que esses nomes apresentaram grandes trabalhos mais uma vez é chover no molhado. Contudo, muitos já apontam essas como as melhores atuações da carreira de ambos, o que deve ser levado em consideração, já que os dois já trabalharam em diversas obras-primas do cinema até hoje.

É difícil classificar se são realmente as melhores, mas com certeza são extremamente boas. A começar por DiCaprio. O ator de 48 anos aparenta estar na sua melhor forma para viver Ernest Burkhart. Parece fácil a forma como seu talento permeia a sala do cinema e deixa o público cativado com seu personagem.

Você não sabe se pode não confiar em Ernest e isso faz com que as resoluções da trama te peguem de surpresa e o emocionem ao ver o ator carregando os sentimentos de dúvida e nervosismo até desencadearem na culpa.

Por outro lado, o experiente Robert De Niro toma conta da telona. Parceiro de longa data dos trabalhos feitos por Martin Scorsese, o ator de 80 anos parece saber todos os atalhos existentes no universo da atuação.

De Niro entrega um personagem frio, calculista, que demonstra saber exatamente o que está fazendo e sempre passos adiantado em relação às adversidades que perseguem alguém com uma influência igual a dele. Com um grande poder de dissertação, William Hale cresce conforme a trama caminha para o fim, comprovando a sua grande função na história.

FBI

Guiado pelo agente Tom White, interpretado por Jesse Plemons (Ataque dos Cães, 2021), o FBI (Federal Bureau of Investigation) de Assassinos da Lua das Flores ainda está em seus primeiros anos. Muito do que é apresentado mostra um departamento de investigação ainda buscando entender o seu próprio método de funcionamento.

Acionado pelo povo Osage sobre os casos de assassinatos não solucionados em Oklahoma, o Governo norte-americano decide enviar alguns agentes do novato FBI para investigar a fundo o que se passa na região.

Ao chegar no local, claramente o departamento encontra bastante dificuldade para conseguir abstrair as informações que deseja, muito por causa da grande rede corruptiva que já tomou conta dos moradores e personalidades. É então que o filme mais uma vez se mostra competente para explorar o que tem de melhor e aparentar ao espectador um final de altíssimo nível.

Conclusão

Assassinos da Lua das Flores é um excelente filme. Em um primeiro momento, as suas três horas e meia de duração podem parecer maçantes e excessivas, mas isso logo se esvai quando o longa-metragem começar a rolar. Para quem curtiu O Irlandês (2019), obra do mesmo diretor, vai ter um verdadeiro deleite mais uma vez.

O elenco do novo lançamento da Paramount Pictures surpreende e chama a atenção. O melhor de tudo é que atende às expectativas. Assassinos da Lua da Flores é um trabalho coeso, que tem em sua trilha sonora e montagem componentes que guiam a narrativa e a otimizam para tornar tudo em mais uma grande produção dessa lenda do cinema que é Martin Scorsese.

Assassinos da Lua das Flores estreia nos cinemas brasileiros no próximo dia 19 de outubro. Para conferir as salas disponíveis em sua cidade, visite o site Ingresso.com.

Assista ao trailer de Assassinos da Lua das Flores

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Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim (10/10/23)