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O impacto do coronavírus no mercado de ações brasileiro

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Ibovespa fecha com queda de 7% diante do surto de coronavírus. Especialistas sugerem cautela na negociação de papéis, e apontam para visão de médio e longo prazo

Grandes companhias internacionais estão sofrendo impactos com o surto do coronavírus COVID-19, com risco de ruptura na cadeia de suprimentos e previsão de queda no faturamento. No Brasil, o aumento de casos da doença também causou impacto no mercado de capitais, com queda no Ibovespa e alta do dólar. Empresas com alta exposição no exterior, como Petrobras e Vale, sentiram queda acima de 9% na última quarta-feira (26).

Essas empresas estão muito atreladas ao mercado externo, pois seu desempenho depende do consumo internacional, como é o caso das commodities como minério de ferro e celulose. Os frigoríficos JBS e Marfrig apresentaram queda de 9,51%, enquanto BRF caiu apenas 6,29%.

Coronavírus aéreas
Companhias aéreas sofrem impacto maior com a alta do dólar, devido aos custos operacionais e financeiros estarem atrelados à moeda norte-americana

Outro grupo de empresas que sofreu forte queda no mercado brasileiro foi de companhias aéreas, apresentando as maiores baixas: 14,3% na Gol e 13,3% na Azul. O impacto no setor aéreo ocorre em todo o mundo, mas está mais critico na China, em que cancelamentos de vôos pelo risco do coronavírus vêm trazendo prejuízo às companhias. Vale lembrar que a alta do dólar prejudica as companhias aéreas de forma mais agressiva, pois metade dos seus custos (como combustível, peças de reposição, leasing de aeronaves) ocorrem em dólar. Isso significa que cada 5% de depreciação da nossa moeda derruba em 1 ponto percentual a margem dessas companhias.

Empresas de infraestrutura como CCR (-8,37%) e Ecorodovias (-7,31%) sofrem impacto direto da economia, pois seu faturamento depende do tráfego de veículos em suas concessões. Entretanto, o volume de investimentos no setor ajuda a equilibrar o valor das ações nestes períodos de incerteza.

O setor bancário, composto por Itaú Unibanco, Santander Brasil, Banco do Brasil e Bradesco, apresentou forte baixa variando entre 5% e 7,5%. No cenário de incerteza global gerado pelo coronavírus, existe aversão ao risco em países emergentes, e por serem papéis de fácil negociação, os bancos acabam sendo a primeira opção para saída do investidor estrangeiro.

Setores regulados são uma boa opção de investimento

Há uma série de empresas que participam de setores regulados pelo governo, como saneamento e energia elétrica, pois oferecem serviços de utilidade pública. Elas surgem como boa oportunidade de investimento pois são menos expostas à conjuntura atual. Suas receitas são reguladas e variam conforme investimentos e inflação anuais, tendo assim menor flutuação no faturamento.

Algumas características nos setores também ajudam a proteger a baixa das ações. Um exemplo são empresas de transmissão de energia, em que a demanda anual é quase toda contratada previamente, gerando previsibilidade na receita. Essas companhias também costumam pagar bons dividendos.

Linhas de transmissão
Setor de energia elétrica sofre menos flutuações devido à previsibilidade das receitas

O analista Gabriel Fonseca, da XP Investimentos, aponta vantagens nas ações da EDP Energias do Brasil e Copel, que atualmente negociam com desconto injustificado diante das outras companhias do setor. Já no setor de saneamento a queridinha é a Sanepar, que possui menor exposição ao dólar que a Sabesp – a companhia paulista tem alto volume de dívidas em dólar, aumentando o risco financeiro.

Fique de olho nos fundamentos e evite pânico com o coronavírus

A analista Betina Roxo, da XP investimentos, afirma que o investidor deve ter visão de médio e longo prazo. O pânico gerado no curto prazo leva o acionista a tomar decisões precipitadas, caso não avalie os fundamentos das empresas, que devem ser sólidos para gerar retornos a médio e longo prazo.

A analista completa: “É preciso ter calma, olhar os fundamentos, ver se isso não impacta no estrutural da empresa, e então encontrar as oportunidades. Sem deixar de diversificar a carteira”.

Fonte: Infomoney

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