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O que é Fire Emblem?

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Fire Emblem é hoje um dos principais jogos do seu gênero, mas nem sempre foi assim. Conheça um pouco mais sobre a história do game.

Em janeiro de 2023 será lançado Fire Emblem Engage, o mais novo capítulo da saga de jogos de RPG táticos da Nintendo, que já tem quase 35 anos de existência. Apesar de sua longevidade, aqui no Ocidente os games passaram a ser mais conhecidos depois que Marth, herói do primeiro jogo, foi incluído em Super Smash Bros. Sua notoriedade efetiva aconteceu após o lançamento de Fire Emblem Awakening, que muitos dizem ter salvado a franquia de entrar no limbo. Mas, afinal, o que é Fire Emblem?

Como tudo começou

Para entender um pouco mais como Fire Emblem nasceu, temos que olhar primeiro para a forma como a Nintendo era estruturada no final dos anos 1980. O jogo nasceu dentro da Intelligent Systems, que tinha diversos funcionários responsáveis por auxiliar no desenvolvimento dos principais títulos da casa, como Wrecking Crew, Metroid e muitos outros.

Combate de famicom wars.
Assim era o combate de Famicom Wars (Imagem: YouTube Video Game Wars)

Naquele período, um dos designers, Shouzou Kaga, teve a ideia de um jogo militar onde o lado vermelho entraria em conflito com o azul. O combate era através de movimentos estratégicos, e sempre que a batalha acontecia, a cena mudava e mostrava o resultado da luta. Assim nascia Famicom Wars, e consequentemente a franquia Wars, que está viva e deve receber jogos ainda em 2023.

Após esse lançamento, o designer queria utilizar o mesmo conceito, mas ao invés de um conflito moderno, a ideia era levar para o mundo medieval. Uma estratégia bastante certeira, já que jogos como Dragon Quest e Final Fantasy eram extremamente populares, e não seria nada mal tirar um pedacinho do bolo que a Enix e a SquareSoft estavam se deliciando. Assim começou o desenvolvimento de Fire Emblem: Shadow Dragon and the Blade of Light.

O primeiro jogo

A história se passa em Archanea, lugar que está sendo totalmente destruído por um exército comandado pelo terrível Dragão Sombrio Medeus. No meio do caos, a última sobrevivente do reino de Archanea, Artemis, acaba se encontrando com Anri, um simples aldeão, e engatam um relacionamento.

O amor que Anri sente por Artemis o faz sair em uma jornada em busca da lendária Falchion, que dizem ter o poder de derrotar o mal do mundo. Assim, com um exército, ele e seus aliados encontram a poderosa espada, encaram Medeus e o derrotam. Contudo, como Anri era apenas um aldeão, ele é obrigado a se separar de Artemis, mas acaba ganhando terras e se torna um rei pelo ato de bravura.

Muitos anos depois, com o mundo em paz e prosperidade, o mago maligno Gharnef dá início a um plano para trazer de volta Medeus, e assim iniciar outra era de caos. Cornelius, descendente direto de Anri, fica a par dos planos e parte em uma jornada para por fim àquele conluio, mas acaba sendo traído e morre em batalha. Marth consegue escapar e busca refúgio em Talys, uma nação aliada.

Imagem do mundo de fire emblem.
O mapa continuou o mesmo durante muitos anos, e até hoje tem certa similaridade, claro que muito mais bonito.(Imagem: YouTube World Of Longplays)

Os anos se passam e Marth continua treinando e evoluindo, até o dia em que Talys é atacada por piratas. Nosso herói consegue comandar diversos soldados para a vitória, e o rei percebe que ele está pronto para reconquistar o que é seu por direito. Assim, tal qual seu antepassado, ele parte em uma jornada em busca da lendária Falchion para, enfim, colocar um ponto final em Medeus e Gharnef.

No quesito jogabilidade, uma das maiores características de Fire Emblem foi implementada logo no primeiro jogo: o permadeath (morte permanente, em tradução literal). Ou seja, toda vez que um personagem morria em batalha, ele era retirado da história. Isso afetava diretamente o decorrer da jornada, alterando acontecimentos, diálogos e muitas outras cenas. Todo mundo podia morrer, exceto Marth.

Outra grande característica de Fire Emblem é a colossal quantidade de classes disponíveis. Havia praticamente de tudo, mercenário, pirata, cavaleiro, arqueiro, lorde, pegasus, montador de wyvern e muitos outros. Além disso, as armas, todas elas, possuíam durabilidade. Isso fazia com que os jogadores procurassem maneirar com as armas mais fortes, dando preferência para as mais comuns de se comprar, e guardando as especiais para as batalhas mais difíceis.

As lutas eram feitas por turnos, em que todas as unidades podiam realizar ações livremente e depois passava a vez para o adversário fazer o mesmo. A movimentação é feita no clássico dos jogos de estratégia, via tabuleiro, e o terreno onde as unidades paravam podia ou não dar algum tipo de bônus defensivo. Quando o combate ia acontecer efetivamente, a cena mudava e a imagem dos personagens aparecia, com cada um deles desferindo seu ataque.

No todo, Fire Emblem: Shadow Dragon and the Blade of Light, para uma franquia novata, fez uma grande entrada no mercado. Contudo, os críticos não curtiram muito a proposta, e acabaram dando notas baixas para o game. Por outro lado, os jogadores adoraram, e isso fez com que, vagarosamente, as vendas começassem a crescer, até garantir uma segunda entrada na franquia.

Um nicho oriental

Como um todo, os JRPG estratégicos sempre sofreram para serem bem aceitos no ocidente. Isso fez com que a franquia Fire Emblem ficasse presa no Japão por muitos anos. Fire Emblem: Shadow Dragon and the Blade of Light só foi lançado em inglês no ocidente em dezembro de 2020, e ainda assim por um tempo limitado, e já não está mais à venda.

Imagem de fire emblem.
Por ser o primeiro jogo da franquia a ser lançado no ocidente, a Nintendo deixou o subtítulo pra lá. (Imagem: Digitally Downloaded)

Quem realmente abriu as portas para o gênero foi Final Fantasy Tactics, lançado nos Estados Unidos em 1998 para o PlayStation 1. Foi a partir daí que começamos a ver maior aceitação e o lançamento de outros títulos. Isso fez com que a Nintendo olhasse com um pouco mais de carinho para Fire Emblem, e garantisse o lançamento de um dos jogos da franquia nos anos seguintes. Muito por conta da briga que a Big N teve com a até então SquareSoft e cortassem relações. Vamos falar disso em breve.

Ainda assim, foi necessário aguardar cerca de 5 anos para que um Fire Emblem fosse lançado no ocidente. E, finalmente, em 2004, Fire Emblem: The Blazing Blade, ou somente Fire Emblem, chegaria às lojas ocidentais para o GameBoy Advanced, possibilitando outros lançamentos. Mesmo assim, ainda existem jogos que nunca foram distribuídos oficialmente fora do Japão, e não há como saber se um dia serão lançados.

Fire Emblem Awakening: O salvador da franquia

A vida da Nintendo não estava nada fácil nos dez anos entre os lançamentos do Nintendo 64 e do Wii. Tanto o 64 quanto seu sucessor, o Game Cube, patinaram feio, e viram os rivais passarem à frente. A Sony reinava, a Sega tirava seu time de campo, a Microsoft entrava no mercado com o Xbox, e somente os portáteis da Big N iam bem. Em 2006 foi lançado o Wii e tudo estava em paz, até 2011.

Tentando acompanhar a moda da época, a Nintendo lançou o 3DS, que não precisava de óculos e podia reproduzir imagens em 3D, mas seu custo era muito alto, o que fez com que o preço fosse alto, e isso afetou diretamente as vendas. Para piorar mais ainda, em 2012 sairia o controverso Nintendo Wii U, que não deu certo.

O mesmo valia para a franquia Fire Emblem. Apesar de alguns bons jogos, e nem todos terem sido lançados no ocidente, as vendas não mostravam os resultados esperados. Não se sabe até que ponto isso é verdade ou não, mas durante a produção de Fire Emblem Awakening, muitos diziam que essa seria a última tentativa. E, felizmente, tudo deu certo.

No começo do desenvolvimento, a produtora do game, a Intelligent System, olhou para todos os jogos anteriores e procurou fazer uma seleção das melhores mecânicas possíveis com algumas novidades. Fire Emblem sempre foi um jogo difícil, não só por conta do permadeath, mas como um todo. E pensando nisso, um novo modo foi adicionado: batizado de casual.

Isso facilitava e muito a jogatina e deixava o jogador apreciar a jornada, além de trazer absolutamente tudo o que a franquia sempre fez de bom. A movimentação no combate era a mesma, a tela de luta mudava para mostrar os personagens com cenas magníficas, e muitas outras coisas clássicas.

Awakening tinha um mundo que podia ser explorado, mas o ponto principal era o sistema de afinidade. Dependendo de como os personagens agiam em campo, eles podiam aumentar o nível de amizade um com o outro, garantindo ainda mais profundidade para cada um. Além disso, era possível formar casais, que eventualmente teriam filhos, mas eles já apareciam jovens adultos e entravam para o time. Não posso explicar, já que seria um spoiler muito grande.

E falando na história, nosso personagem principal consistia em um avatar que podia ser customizável, tanto na aparência quanto nos principais atributos. Logo no começo somos apresentados a Chrom, que garante que somos parte do seu grupo e que nenhum destino pode interferir nisso. Após a batalha contra Validar, o vilão é derrotado, mas acaba atirando um poder na dupla. Robin salva Chrom, mas é atingido. E então, quase desfalecendo, nosso personagem usa uma espada de energia e mata seu amigo.

Imagem de fire emblem awakening em cena de combate.
Olhando acima, a imagem não é perfeita, mas no 3DS era de outro mundo. (Imagem: Cheap Boss Attack)

Um tempo depois, acordamos no meio do nada por Chrom e Lissa, e eventualmente nos juntamos ao grupo, que é chamado de Shepperds (pastores). Juntos eles têm de conter uma eventual guerra entre os reinados de Ylisse e Plegia, enquanto precisam descobrir o que são as criaturas que estão invadindo o mundo.

Basicamente, tudo o que a Intelligent System queria fazer com Awakening era dizer adeus para uma de suas mais longevas franquias de forma digna. Contudo, quis o destino que o jogo caísse na graça do público. Logo na primeira semana, apenas no Japão, quase 250 mil cópias foram vendidas, ultrapassando alguns títulos anteriores. Enquanto isso, no lançamento Ocidental, nos Estados Unidos, foram vendidas mais de 180 mil unidades. No total, somando todos os mercados, foram comercializados mais de 2 milhões de jogos.

O futuro de Fire Emblem

Em seus quase 35 anos de vida, Fire Emblem finalmente está no ponto que merece. Toda nova entrada anunciada é celebrada e muito esperada, sendo uma das grandes franquias da Nintendo. Engage, o novo lançamento, tem tudo para ser um dos grandes jogos de 2023, e a parte boa é que trará diversos personagens vistos apenas em títulos antigos. Se as vendas forem boas, o que deve acontecer, há a possibilidade de que jogos nunca lançados no ocidente recebam o carinho necessário.

Se levarmos em conta a grande quantidade de títulos de JRPGs táticos sendo publicados recentemente, eu diria que as chances são bastante grandes. Enfim, nos resta saber o que o futuro nos trará e o que a Intelligent System está preparando.

Veja também:

Para saber tudo do mundo dos games, como a história da Nintendo, e também ficar por dentro do universo da tecnologia, fique de olho aqui no Showmetech.

Fontes: ScreenRant, Lockistin & Gnoggin

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