Pendrive coreia do norte

Coreia do Norte: como pendrives podem derrubar o regime ditatorial

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Enquanto Trump considera a guerra nuclear, grupos ativistas ainda acreditam que a ditadura na Coreia do Norte pode acabar com informação

A Coreia do Norte está mais do que nunca no noticiário por conta do clima de guerra iminente com os EUA. Vivendo uma ditadura, o país conclama sua própria população contra os inimigos externos que deseja exterminar. Mas, enquanto Trump parece achar que armas nucleares são a solução, há quem tenha uma alternativa muito mais engenhosa. Um grupo de ativistas está usando milhares de pendrives para “bombardear” o regime de Kim Jong-un com informação.

Grupos ativistas de direitos humanos orquestram desde 2016 uma força-tarefa responsável por mandar carregamentos de filmes, clipes musicais e até artigos da Wikipédia para a Coreia do Norte. Norte-coreanos, vale lembrar, são obrigados a assistir a um único canal de TV todos os dias com propaganda do governo. As informações nos pendrives, portanto, visam criar conscientização da população.  Em vez de iniciar uma guerra e matar milhões, a ideia é causar uma implosão da ditadura por meio de conhecimento.

Para isso, grupos como a Human Rights Foundation e a No Chain recebem doações de pendrives, recheiam com conteúdo e mandam para a Coreia do Norte de várias formas. No começo, alguns corajosos ultrapassavam a fronteira para entregar nas mãos de alguns insurgentes. Depois de um tempo, milhares de pendrives passaram a ser enviados por balões. Mais recentemente, centenas de milhares de dispositivos flash tem sido enviados por drones.

Por que pendrives?

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Pendrives chegam à Coreia do Norte por balões e drones

Embora a nuvem tenha substituído pendrives para muita gente em 2017, a tecnologia ainda é útil para contrabandeadores de informação. Os dispositivos podem funcionar mesmo sem conexão com a internet, algo raro na Coreia do Norte. Assim, é possível consumir filmes, séries de TV e música K-Pop até offline. Geralmente, norte-coreanos usam em tablets baratos chineses que não podem ser rastreados pelo governo.

Esses pendrives já são famosos entre norte-coreanos. Quem recebe os carregamentos na fronteira costuma vendê-los para o resto da população. Segundo dados de movimentos ligados à iniciativa, já chega a 90% o número de habitantes que já assistiram a conteúdo dos pendrives. Essas pessoas costumam gastar o equivalente a uma semana de trabalho para comprá-los.

Herois da Coreia do Norte

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Iniciativa não seria possível sem a adesão de dissidentes da própria Coreia do Norte

Engana-se quem acha que essa iniciativa é exclusiva de países como a Coreia do Sul, Europa e EUA. Park Sang-hak, nascido no país asiático e “libertado por informação”, é o líder do grupo ativista Fighters for a Free North Korea, que passa por vários perigos para cumprir sua missão.

Todos os nossos parceiros na Coreia do Sul têm guarda-costas do governo sul-coreano para protegê-los, porque o número de vezes que a Coreia do Norte enviou assassinos para matá-los é significativo”, diz Thor Halvorssen, presidente da Human Rights Foundation, sobre grupos norte-coreanos.

Depois de um lançamento de balões divulgado a imprensa, a Coreia do Norte respondeu com um comunicado nada amigável.

Eu diria que ‘Nós queremos matá-lo por esta atividade’ é o tipo de coisa que indicaria que o regime definitivamente vê uma ameaça.

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Grupos como o Human Rights Foundation querem mandar milhões de pendrives para derrubar o regime

Ainda assim, o envio de material educacional deve continuar. Os grupos de direitos humanos estão buscando mais doações para mandar um verdadeiro míssil educacional à Coreia do Norte. Com um milhão de unidades, acredita-se que a quantidade de pessoas impactadas pode ser grande o suficiente para criar consciência no país inteiro. Além de escapar de atentados do ditador, porém, há outro desafio. É preciso finalizar a missão antes de Trump apertar o famigerado botão nuclear.

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