Sistema de produção da Apple não contava com o Coronavírus

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O modelo “just in time” é um dos mais eficientes do mercado e é usado pela Apple, porém, não é muito efetivo quando ocorrem situações graves, como a pandemia do coronavírus

Desde a contratação de Tim Cook, a Apple usa o sistema Just In TimeJIT (“na hora certa” ou “no momento certo” em português), proveniente da indústria automotiva, para suas linhas de produção. O sistema foi muito bem usado pela empresa e ajudou em seu crescimento nos últimos anos, contudo o coronavírus está mostrando que esse sistema de produção apresenta fragilidades que nem todos imaginavam. 

O JIT é um sistema que tem o objetivo de produzir e transportar a matéria prima na hora certa, visando a redução de estoques. Isso leva a duas vantagens: redução de custos de estocagem de matéria prima, e agilidade na introdução de novos produtos. Esse modelo de produção foi aplicado na IBM por Tim Cook enquanto diretor de operações da empresa, motivo que levou Steve Jobs a contratá-lo como COO na Apple, cargo que ocupava antes de tornar-se CEO.

O sistema foi consolidado ao logo do tempo principalmente pela indústria automotiva, e foi sendo disseminado em outras indústrias devido à eficácia na redução de custos e perdas. Entretanto, as recentes paralisações de produção em fornecedores da cadeia industrial, em virtude do surto do coronavírus COVID-19, mostram como a interdependência entre os diversos atores da indústria pode levar a um colapso da cadeia de produção, como no caso da Apple. A cadeia de suprimentos foi interrompida com a pandemia e a maior parte das fábricas pararam de funcionar em Wuhan, cidade chinesa conhecida por ser um dos maiores centros de fabricação de peças e produtos.

Apple, está na hora certa?

Já foi revelado que a companhia do Vale do Silício deve atrasar para lançar o novo iPhone 12, justamente porque a fabricação foi interrompida depois da recente epidemia. Assim, o destino está mostrando para a Apple que o sistema JIT não é eficaz em todos os cenários. Neste momento, por exemplo, a companhia de Steve Jobs não tem um grande estoque para os consumidores. Infelizmente, Tim Cook não contava com a surpresa que o coronavírus trouxe.

Esse tipo de quebra no fornecimento de matéria-prima já ocorreu em outras ocasiões. Em 2011, a Ford deixou de vender carors em três tons específicos de vermelho. Naquele ano ocorreu um tsunami no Japão que atingiu a cidade de Onahama, onde fica a única fábrica da Merck KGaA que produzia o pigmento Xirallic, que faz parte da composição de alguns tons de vermelho.

Como a maior parte das empresas que fabricam carros trabalham com o just-in-time, elas não estocavam tintas ou outros materiais. No caso da Toyota, mais de 200 tons de pintura deixaram de ser produzidas, o equivalente a 1/3 do seu volume de produção. Após a situação em Onahama ser normalizada, a indústria decidiu estocar pigmentos de tinta caso algum problema semelhante acontecesse novamente.  

Apesar de ser altamente eficiente, o modelo “just in time” demonstrou não ser resiliente em situações graves. Agora, aguardamos para descobrir qual será o plano da Apple para criar eficiência em casos de pandemia e outras situações de risco.

Fonte: The Verge

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