Boy kills world poster cortado

CRÍTICA: Boy Kills World é o filme trash de ação que precisávamos (e não sabíamos)

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Em uma mistura de distopia pós-apocalíptica e comédia nonsense, Boy Kills World brilha com Bill Skarsgård, que interpreta Boy, rapaz surdo-mudo que trilha um caminho de vingança sanguinolento.

Boy Kills World, ou Contra o Mundo em sua tradução nos cinemas brasileiros, é um filme de ação trash estilo jogo de fliperama que, ou você ama, ou você odeia. Ainda assim, é inegável dizer que o filme não surpreende com suas coreografias de luta surreais que desafiam leis da física, trilha sonora ambiental empolgante e Bill Skarsgård como protagonista. Confira a crítica de Boy Kills World e os detalhes de produção:

História

Acompanhamos a história de Boy (Bill Skarsgård), rapaz que ainda criança teve a família assassinada em um evento trágico que também o deixou surdo e mudo. Com a ajuda do misterioso Xamã (Yayan Ruhian), Boy traçou o plano de vingança perfeito com seus mal feitores, onde ele mesmo seria a arma principal. 

O protagonista inicia então uma jornada insana atrás de respostas, se aventurando por nuances de uma realidade distópica, onde nada parece fazer muito sentido, exceto a vontade de Boy de vingar seu passado. 

Crítica: Boy Kills World

Contra o mundo
Boy Kills World entrega cenas alucinantes e coreografia de luta impecável | Imagem: Reprodução Lionsgate Films

Em uma clara homenagem aos jogos de fliperama dos anos 90, assistir Boy Kills World é como assistir a um filme rodando dentro das clássicas máquinas acionadas por fichas, e isso é totalmente diferente de uma versão live action. Aliás, já tivemos a experiência nada agradável de acompanhar uma adaptação de um jogo do gênero, mas para nossa sorte, Boy Kills World não faz questão alguma de a se levar a sério desse jeito, o que é ótimo. 

O filme, que também bebeu da água de outros clássicos como Kill Bill (2003) e Clube da Luta (1999), traz elementos distópicos mesclados ao contemporâneo, tornando um desafio situar o espaço-tempo da produção. Isso torna Boy Kills World mais interessante, pois é sempre uma surpresa encontrar dispositivos que atrelam a uma época pós-moderna e outros que parecem ter saído do universo de Tarzan. 

É uma mistureba deliciosa de acompanhar que não se mostram desnecessários em nenhum momento, faz parte da mitologia e foram muito bem-vindos durante o filme.

O que ganha notoriedade para a trama é a surdez e mudez de Boy. Em primeira instância, para quem lê a sinopse sem assistir ao trailer pode pensar que a condição do protagonista será tratada como um desafio, uma limitação. E acontece justamente o contrário. Para encontrar forças e motivação, o personagem de Skarsgård adota a voz do narrador de um fliperama como “voz interna”, que é a voz que ouvimos durante o filme inteiro. Todos os trejeitos e maneirismos das locuções foram transferidas para os acontecimentos dos filmes e em certo momento, a narração chega a “bater o martelo” e declarar ROUND 2 para as próximas cenas alucinantes de batalha. 

O humor também foi um deleite que quase me fez dar vida ao meme chef’s kiss. Inclusive, tive que conter a gargalhada mais de uma vez para não ecoar pela sala de cinema, pois o timbre de voz do narrador traz um tom cômico único para as cenas mais improváveis. Seja nas próprias cenas de luta, ou dando voz ao pensamento confuso de Boy, que precisa ler lábios para manter a comunicação (que nem sempre saí como esperado). 

Eram piadas e linhas de raciocínio muito característicos de quadrinhos e HQ’s, em especial os de anti-herói como Deadpool, regado de humor ácido, com aquele quê bastante caricato. O protagonista, em si, é um tanto ingênuo e carente, que tem uma jornada, ao mesmo tempo, complexa e previsível que contribui para essa aura de quadrinhos Marvel e D/C.

Já sobre a coreografia de luta: os movimentos de luta poderiam estar em Street Fighter II e a única diferente seria o gráfico, que obviamente não é em 16-bit. Se você piscar durante uma cena dessas, vai perder algum chute épico ou uma incrível jorrada de sangue que vai contra qualquer lei anatômica vascular. 

Boy Kills World é um filmaço que entrega emoção, ação, humor e plotwist de qualidade, do tipo que não se vê mais nos cinemas. Um refresco em meio aos filmes que esforçam tanto para entregar conceitos e acabam se tornando “apenas mais um” na lista do Letterboxd. 

Elenco 

Crítica de boy kills world
Bill Skarsgard e grande elenco | Reprodução Lionsgate Films

Bill Skarsgård brilhou lindamente com uma interpretação além do vocal. Suas expressões corporais faciais mostraram como este é um dos maiores atores que temos na atualidade, mesmo com sua tendência “freaky” eternizada em It – A Coisa

Entre outros grandes nomes do elenco, nós temos Famke Janssen como Hilda Van Der Koy, a grande vilã da história. Para aqueles que a conhecem pelo seu papel em Hemlock Grove (2013), a semelhança é notória, mas não afeta a imersão no papel de Hilda. 

Jessica Rothe (Happy Death Day) também está no filme como June 27, com uma caracterização incrível digna de uma skin de Valorant

Seguindo o núcleo Van Der Koy, Brett Gelman (Stranger Things) e Michelle Dockery (Downtown Abbey), interpretam os irmãos de Hilda, que não são nada melhores que ela. Em termos de maldade, os três formam uma ótima equipe, mas os dois, em especial, seguem um ritmo mais humorado. 

Outros grandes atores fizeram parte da produção: Andrew Koji (Bullet Train); Cameron Crovetti (The Boys); e Yayan Ruhian (The Raid).

Destaques Técnicos

O filme foi a primeira grande produção do diretor alemão Moritz Mohr, que até então possuía apenas o curta de terror Akumi (2005) no currículo. Já o roteirista Tyler Burton Smith deu ao filme o ar de quadrinhos que falei tanto, já que ele possui uma série de HQs publicada intitulada Slumber e suas experiências cinematográficas carregam essa característica como marca registrada.

Outras figuras relevantes no mercado de filmes independentes também participaram de Boy Kills World: 

E aí, Boy Kills World vale a pena? 

Boy kills world cena do filme
Boy Kills World não irá agradar a todos, mas garante satisfação dos fãs de quadrinho. | Reprodução Lionsgate Films

Eu vi o trailer de Boy Kills World e soube, naquele momento, que se tornaria um favorito. Mas ele não irá agradar a todos, principalmente aqueles que preferem consumir filmes atrelados a realidade, que buscam ferramentas de reflexão em meio ao caos. Não, Boy Kills World é um filme para ser assistido como player 1 de um fliperama: às vezes apenas aproveitar o game, passar de fase, e depois ir para casa é o bastante. 

Gosta de quadrinhos? Gosta de filmes de ação trash? Gosta de jogos de fliperama? Assista, pois com certeza valerá a pena.  

Onde assistir?

O filme foi lançado nos cinemas dia 26/04 e tem previsão para lançamento nas plataformas de streaming no início do próximo semestre.

Leia também: https://www.showmetech.com.br/critica-garfield-fora-de-casa/

Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim

10/10
Total Score
  • Roteiro
    10/10 Excelente
  • Produção visual
    10/10 Excelente
  • Trilha sonora
    8/10 Ótimo
  • Desenvolvimento
    10/10 Excelente
  • Efeitos visuais
    10/10 Excelente

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