Crítica: tár eleva cate blanchett à enésima potência em trama sobre poder. Em seu papel mais desafiador, a atriz interpreta uma insaciável e obcecada regente que se entrega ao próprio ego. Leia a crítica

CRÍTICA: TÁR eleva Cate Blanchett à enésima potência em trama sobre poder

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Em seu papel mais desafiador, a atriz interpreta uma insaciável e obcecada regente que se entrega ao próprio ego. Leia a crítica

Com tantos trabalhos primorosos, Cate Blanchett construiu uma carreira consolidada. Seu talento nato para atuação a levou para diversos filmes marcantes do cinema e, consequentemente, o sucesso em premiações. Neste ano, ela recebe a oitava indicação ao Oscar com ‘TÁR‘, um filme complexo e dominado do início ao fim pela atriz.

Dirigido por Todd Field, ‘TÁR’ é uma alegoria sobre o conflito entre arte e artista, sobretudo quando este está em uma posição privilegiada de poder. Um filme bêbado em sua própria essência, mas seguro com aquilo que deseja mostrar ao público — ou melhor, performar.

O ápice artístico

Crítica: tár eleva cate blanchett à enésima potência em trama sobre poder
Cate se desafiaem papel extraordinário no longa de Todd Field. (Imagem: Divulgação)

No longa, Lydia Tár (Cate Blanchett) atua como a primeira regente chefe da Orquestra Filarmônica de Berlim e é considerada uma das maiores compositoras vivas do universo da música clássica. Ao tentar dar um próximo passo ambicioso em sua carreira, conflitos externos e de terceiros começam a emergir.

Este filme não seria o mesmo sem Cate no papel principal. Na verdade, talvez ‘TÁR’ sequer seguiria. A atriz não é apenas produtora e protagonista aqui, mas também uma força que torna esse universo crível ao espectador. Em um papel tão difícil e cheio de detalhes, Cate age como um colosso em uma performance brilhante, sendo impossível desgrudar os olhos da tela.

Não significa, no entanto, que Lydia é a pessoa mais divertida de ser assistida. Com tantas nuances, a personagem vive uma realidade à parte, e aqui o cineasta faz um convite para embarcar nessa mente que funciona a milhão. Funciona como uma dissociação do “nosso real” em função de tentar entender os motivos ou a forma persuasiva pela qual Lydia é descrita como gênio.

No topo do mundo, mas a que custo?

Crítica: tár eleva cate blanchett à enésima potência em trama sobre poder
Uma personagem complexa, porém fascinante. (Imagem: Divulgação)

De maneira rebuscada, o diretor escreve um roteiro que mergulha nos termos técnicos e na história da música clássica. Enquanto isso, Lydia demonstra a todo momento como ela detém a sabedoria do assunto que palestra. Seu vasto currículo — tão completo que parece uma paródia — intensifica esse aspecto. Naturalmente, a protagonista se torna alguém difícil de simpatizar, pois está perdida no seu próprio ego. Quando uma pessoa já fez de tudo e se vê acima de tudo, o único caminho é para baixo.

Este é apenas o terceiro longa-metragem de Todd, mas não é a primeira vez que ele aborda assuntos polêmicos. Em ‘TÁR’, o diretor exercita a reflexão ao impacto do poder no mundo moderno como uma natureza mutável, passível de sofrer transformações e imune à perfeição absoluta.

Além da presença enigmática de Cate, outras performances se destacam, como Noémie Melant, que faz Francesca, assistente de Lydia, e Nina Hoss, que interpreta Sharon, esposa da protagonista. São figuras importantes que servem de alicerce para que a narrativa se desenrole.

Crítica: tár eleva cate blanchett à enésima potência em trama sobre poder
Nina Hoss em cena. (Imagem: Divulgação)

Como uma forma de enxugar o filme, 20 minutos poderiam ser poupados, já que algumas cenas tornam a narrativa um pouco repetitiva nos padrões, mas isso não é muito alarmante. Vale aqui o destaque para duas cenas do filme que se complementam: a primeira e a última. A última, em especial, é tanto cômica quanto arrasadora, pois encerra essa história com uma acidez à altura de Lydia.

Vale a pena assistir a ‘TÁR’?

TÁR‘ pode não ser um filme que consiga fisgar todos os espectadores pelo seu aspecto complexo e peculiar, mas é indiscutível a grande aula de atuação que Cate Blanchett deixa como legado naquele que talvez seja o seu último trabalho nas telonas, segundo a própria atriz.

Quais as chances no Oscar 2023?

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A maior chance do filme no Oscar está em Melhor Atriz. (Imagem: Divulgação)

Neste ano, o filme está indicado a seis categorias: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz, Melhor Roteiro Original, Melhor Fotografia e Melhor Edição. Nessas duas últimas, mesmo o filme sendo bem montado e com uma filmagem belíssima, ele não deve levar estatuetas.

A chance de receber o grande prêmio da noite, o de Melhor Filme, é pequena, apesar de não impossível. Outros filmes estão com uma repercussão maior na categoria. A vitória de Todd também é pouco provável, já que o cineasta não ganhou a mesma categoria em premiações recentes e está competindo com Steven Spielberg, o favorito, e os Daniels, de ‘Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo‘, por exemplo.

O maior prestígio do longa está na categoria que todos já estão apostando. Cate Blanchett realmente está em seu melhor momento, levando diversos prêmios de Melhor Atriz. A disputa neste ano está entre ela e Michelle Yeoh, mas a australiana deve acabar levando a melhor — e muito merecidamente. Será uma celebração memorável.

Já assistiu ao filme? Conte para nós nos comentários o que você achou da obra.

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Acesse também outros conteúdos relacionados no Showmetech. Leia a crítica de Avatar: O Caminho da Água, um dos principais indicados do Oscar neste ano.

Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim

CRÍTICA: TÁR

CRÍTICA: TÁR
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Em seu papel mais desafiador, a atriz interpreta uma insaciável e obcecada regente que se entrega ao próprio ego.
Em seu papel mais desafiador, a atriz interpreta uma insaciável e obcecada regente que se entrega ao próprio ego.
8/10
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1 comentário
  1. Desculpa, mas de que adianta colocar aparelhos que foram descontinuados ou que nem vendem aqui?
    Estão fazendo as pessoas que estão pesquisando para comprar perder tempo.

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