Neuralink em humanos

Implante cerebral da Neuralink já pode ser testado em humanos

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Na tentativa de curar condições como paralisia, a empresa Neuralink conseguiu permissão da FDA testar impante cerebral em pessoas

Nesta quinta-feira (25), a empresa de pesquisas informáticas com o cérebro de Elon Musk, Neuralink, conseguiu autorização da Food and Drug Administration (FDA) para seguir com estudos que avaliam a interação cerebral humana com dispositivos eletrônicos. O órgão regulador, equivalente à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), permitiu que os testes com implante cerebral fossem executados, mas ainda é necessário saber se os resultados da interação do cérebro humano com esses aparelhos vão funcionar de fato.

Ao mesmo tempo, a empresa ainda aguarda a liberação para recrutamento de público para os testes. A seguir você confere aqui, no Showmetech, como esses testes vão ser executados e o contexto da realização das pesquisas da Neuralink.

O histórico da tentativa da empresa de Musk de testar implante cerebral

Neuralink t alt 1| logo da neuralink em cor rosa, por cima do rosto de elon musk, ao fundo. Em primeiro plano, tela de celular, exibindo informações da empresa de pesquisas neurológicas
A Neuralink já enfrentou problemas com seus testes em animais (Imagem: Jonathan Raa/Nur Photo/Reprodução).

Antes de chegar a ganhar a permissão da FDA, a Neuralink teve alguns “puxões de orelha” e denúncias envolvendo seus testes em animais. Em dezembro do ano passado, por exemplo, a empresa foi investigada por violar o bem-estar de animais em laboratório. Além disso, a empresa de pesquisas está sendo investigada pelo transporte de dispositivos contaminados, que teriam sido retirados de macacos utilizados nos estudos.

Sediada em Fremont, Califórnia (EUA), a organização foi cofundada por Musk em 2016 e, desde o seu surgimento, vem fazendo comunicados com exageros sobre rapidez de suas pesquisas neurológicas. Quatro anos mais tarde, a empresa, que o investidor ajudou a criar, tentou colocar os implantes para interação entre cérebro e máquina pela primeira vez em humanos. Sem sucesso, o projeto para esse teste também foi anunciado novamente já no ano passado, mas só veio conseguir uma autorização agora.

Testes em animais t alt | macaco olhando para a sua esq. , ao lado de imagens de gráficos (à dir. ), sobre fundo preto
Os testes em animais, da empresa de pesquisas neurológicas, têm diversos objetivos (Captura de tela: Sean Hollister/The Verge).

O funcionamento das pesquisas envolvendo os chips que permitem interação do organismo com a tecnologia acontece graças ao Bluetooth: os aparelhos interpretam sinais cerebrais e mandam essas informações para outros dispositivos, com esse tipo de sinal, encontrado em celulares. Porém, as pesquisas na empresa ainda vão além. A ideia é que seja possível, a partir das pesquisas de implantes, tratar condições como paralisia, cegueira e permitir que pessoas com poucas habilidades motoras possam usar tecnologias digitais que dispomos hoje.

Chegar a esses feitos, no entanto, vai exigir dos pesquisadores da empresa testes abrangentes, que superem questões técnicas e éticas. Quanto aos desafios tecnológicos, o investidor que ajudou a criar a Neuralink afirma que as pesquisas desenvolvidas podem ajudar a diminuir preocupações envolvendo inteligência artificial, por dar chances de melhorar a capacidade cerebral.

O que as pesquisas em cérebros humanos na Europa conseguiram?

Cérebro e máquina t alt | três fotos em sequência, mostrando gert-jan andando com apoiador, ao ar livre
Pesquisas com foco em interface de cérebro e máquina fizeram Ger-Jan voltar a andar (Imagem: CHUV/EPFL/CEA/Reprodução).

Enquanto os estudiosos da Califórnia estão tentando avançar nos estudos com chip no cérebro, pesquisadores da Suíça conseguiram um resultado inédito na área neurológica. Apoiados pela tecnologia brain-computer interface (BCI; interface entre computador e cérebro, em tradução livre), pesquisadores do país europeu conseguiram criar uma ponte entre o cérebro de Gert-Jan (40) e as pernas. Ele ficou paralisado devido a um acidente de bicicleta e voltou a andar, em resposta bem sucedida ao suporte tecnológico.

Implante cerebral t alt | gert-jan andando com apoiador, com parede vermelha ao fundo
Gert-Jan tinha ficado paralítico, depois de um acidente de bicicleta (Imagem: Beatrice Stouvenel/EPFL/Reprodução).

Os movimentos dele voltaram com apoio de eletrodos, que foram colocados sobre a região do cérebro do paciente. Nesse sentido, o local onde o dispositivo foi inserido controla os movimentos das pernas e estimula a conexão neurológica, possuindo também uma ligação de eletrodos na coluna espinhal que controla seus membros inferiores. Envolvido na pesquisa, o Swiss Federal Institute of Technology Lausanne (EPFL; Instituto Federal de Tecnologia da Suíça em Lausanne) conseguiu ligar regiões do sistema nervoso central, para retomar a habilidade perdida pela paralisia.

“Os primeiros implantes decodificam o desejo do paciente em se mover e enviam a informação para um aparelho, que traduz isso em um estímulo para induzir o movimento desejado.”

Grégoire Courtine, professor de neurociência da EPFL
Elon musk t alt | rosto de elon musk, cortado, exibindo seu olhar para a esq. , colorizado com linhas em tons de rosa
Além de redes sociais e tecnologias espaciais, Elon Musk também investe em pesquisas com saúde cerebral (Imagem: Reuters/Andrew Kelly/Ilustração de John Emmerson).

Não há nenhum tipo de anúncio feito pela empresa a respeito das inscrições para os estudos envolvendo os chips cerebrais e nem a própria FDA comentou o aval para os testes, até o momento desta publicação. Ao que se sabe, a Neuralink apenas divulgou a aprovação do órgão regulador estadunidense, publicando a comemoração da notícia em seu perfil no Twitter — cujo Chief Executive Officer (CEO) é também Elon Musk.

“[A aprovação da FDA] representa um primeiro passo importante que permitirá, algum dia, que a nossa tecnologia ajude mais pessoas.”

Neuralink, via Twitter

Na publicação, feita nesta quinta-feira, a empresa ainda fala que mais informações sobre os testes vão ser anunciadas. O que está previsto também para um cenário mais adiante é que Musk seja participante dos testes envolvendo chips: o empresário já chegou a dizer que vai colocar um implante cerebral, mas não avisou quando isso vai acontecer.

O que você acha dos implantes cerebrais? Teria coragem de participar dos testes? Conta pra gente aqui, no Showmetech!

Veja também:

Fonte: The Verge | BBC | Swiss Info

Revisado por Glauco Vital em 26/5/23.

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